São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Mulheres são 25% dos casos de Aids em SP

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

No início da epidemia de Aids, as mulheres pareciam estar fora do alcance da doença. Em 1985, só se sabia de nove casos no Estado de São Paulo. Os homens já eram 414, sendo que 60% eram homossexuais.
No ano seguinte, os especialistas davam o primeiro alerta: o número de bissexuais e o de usuários de drogas injetáveis estava crescendo rapidamente. Num futuro próximo, as mulheres seriam as principais vítimas da Aids.
Nos grandes centros urbanos como São Paulo, esse futuro já chegou. Dos 4.507 casos registrados no Estado em 94, 1.013 eram mulheres. A proporção já é de três homens para uma mulher.
Epidemiologistas acreditam que em quatro anos essa relação será de um homem para uma mulher.
Com bastante atraso, o Ministério da Saúde iniciou campanhas campanhas para alertar as mulheres. Elas estão se contaminando com parceiros bissexuais ou que usam drogas injetáveis.
Como mães, elas transmitem o vírus para suas crianças. Cerca de 30% dos filhos de mães com HIV vão se infectar. No Estado de São Paulo, 1.270 crianças já nasceram soropositivas.
O que impressiona os médicos, além da desinformação, é a ingenuidade de muitas mulheres. A maioria desconhece a vida que seus maridos levam fora de casa.
A comerciária O.R., 42, refez o teste quatro vezes e brigou com o médico até que o marido contou que saía com garotos de programa.
L.S., 21, só soube que o companheiro usava drogas quando fez o pré-natal e descobriu que estava com o vírus.
Quando se apaixonam, as mulheres abandonam a camisinha, dizem os os médicos. A estudante N.L, 17, diz que manteve relações uma vez com o namorado. "A gente se gostava demais." Um ano depois, quando fez exames de rotina, o médico levou a seus pais a notícia de que tinha o vírus.

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