São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Panmunjom vive a Guerra Fria

DA REDAÇÃO

Panmunjom, a aldeia da trégua na Guerra da Coréia (1950-53), é uma das últimas fronteiras da Guerra Fria (a outra é Guantánamo, em Cuba).
Ali, como em todos os 160 km da fronteira intercoreana, tropas da Coréia do Sul e dos EUA se defrontam com soldados da Coréia do Norte em alerta permanente.
Em dezembro passado, um helicóptero militar dos EUA entrou no espaço aéreo da Coréia do Norte e caiu 5 km ao norte da DMZ (Zona Desmilitarizada). Os norte-coreanos disseram que o derrubaram; para os EUA, foi um acidente.
Um piloto morreu e só na véspera do Ano Novo o outro foi libertado, em Panmunjom, após assinar uma confissão —que disse ter sido forçado a fazer— de que sua missão era de espionagem.
O caso foi uma repetição quase exata de dezenas de outros ocorridos ali desde que a Coréia foi dividida, ao fim da Segunda Guerra.
Principal troféu da Guerra Russo-Japonesa (1904-05), a península foi anexada pelo Japão em 1910, no início da expansão imperialista que levaria o país ao confronto com os EUA nos anos 40.
Com a derrota do Japão (1945), os EUA ocuparam o sul da Coréia e a URSS o norte, separados pelo paralelo de 38 graus Norte. As superpotências prometeram reunificar a Coréia. Isso nunca aconteceu.
Em agosto de 1948 foi fundada em Seul a República da Coréia, com um governo autoritário de direita chefiado por Syngman Rhee.
Um mês depois, o ex-guerrilheiro Kim Il-Sung proclamou em Pyongyang a República Democrática Popular da Coréia.
Em junho de 1950, tropas norte-coreanas atacaram o Sul. Seul caiu em três dias. A ONU reagiu reunindo tropas de 15 países, comandadas pelo general Douglas MacArthur (EUA). O conflito se equilibrou após a intervenção da China, pelo Norte, e virou uma guerra de trincheiras.
O armistício foi assinado em julho de 1953, em Panmunjom. Haviam morrido 33.600 norte-americanos e 2,5 milhões de coreanos.
Depois disso, o Sul virou tigre asiático; o Norte manteve o regime stalinista, primeiro sob Kim Il-sung (morto em julho de 1994) e agora sob seu filho, Kim Jong-Il.
Símbolo da trégua, Panmunjom está no meio de uma cerca dupla: primeiro a zona de exclusão civil, de 20 km de largura, onde por razões de segurança só podem entrar os poucos moradores permanentes; depois a DMZ, uma terra de ninguém de 4 km.
Excursões organizadas por Seul à área levam a alguns dos mais de 30 túneis cavados pelos norte-coreanos para infiltração de tropas.
Ironicamente, a zona de exclusão civil trouxe um benefício: é a única área de preservação ambiental em toda a península coreana.

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