São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para PSDB, PFL e PMDB ameaçam aliança

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para PSDB, PFL e PMDB ameaçam aliança
Tucanos reclamam do acordo entre PFL e PMDB para distribuir comando das comissões que analisam projetos
Os três principais partidos que apóiam o governo —PFL, PMDB e PSDB— estão em conflito declarado no Senado. Os dois primeiros, que têm as maiores bancadas, dividiram entre si 6 das 7 comissões permanentes da Casa, provocando a ira do PSDB.
"Se os líderes do PMDB e do PFL continuarem com este comportamento abusivo, ditando regras, a base de apoio do governo vai ficar comprometida", disse ontem à Folha o senador Beni Veras (PSDB-CE). Na sua opinião, pefelistas e peemedebistas estão insultando os tucanos.
As comissões permanentes analisam os projetos de lei apresentados pelos senadores. Seus presidentes definem os encaminhamentos das propostas e as prioridades de apreciação. São eles (os presidentes) que escolhem os relatores, que podem sugerir alterações e até o veto do projeto.
A disputa adiou para hoje a instalação das comissões. Os líderes do PMDB, Jáder Barbalho (PA), e do PFL, Hugo Napoleão (PI), indicaram os presidentes para as três comissões que cada partido quer.
O PSDB, partido do presidente Fernando Henrique Cardoso, queria ficar com a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos, para ser ocupada por Veras. Mas a vaga ficou com o PMDB.
Os tucanos levaram suas reclamações ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), O secretário-geral da Casa, Francisco Carrero, avisou que a Mesa Diretora não tem nada com isso.
Cabe aos líderes, disse Carrero, indicar os presidentes e aos plenários das comissões homologar os nomes, através de eleição.
"Buscamos uma solução pacífica. Esperamos a boa vontade do Sérgio Machado, porque o PSDB não tem voto para ganhar em eleição. O PFL e o PMDB têm 43 votos. Mais os do PTB e PP são 53", disse o pefelista Napoleão.
Os tucanos têm dez senadores e hoje devem ganhar mais um, Lúcio Alcântara (CE), que era do PDT. Têm menos da metade do número de senadores do PFL (21) e do PMDB (22), mas é a terceira maior bancada do Senado.
Por isso, afirmam ter direito de ficar com uma das três comissões mais importantes do Senado —Assuntos Econômicos, Relações Exteriores e Constituição e Justiça.
Sobrou para o partido de FHC a Comissão de Assuntos Sociais que, segundo Beni Veras, é tão relevante que não se reuniu uma única vez no ano passado.
"Esta divisão não corresponde à aliança formada para sustentar o governo. A base de apoio do governo não pode passar pela conta matemática do tamanho de cada bancada. O PSDB é o partido que tem maior responsabilidade em relação ao governo", disse Carlos Wilson (PE).

Ficaram com o PMDB as comissões de Constituição e Justiça (o presidente será Iris Rezende), Assuntos Econômicos (Gilberto Miranda) e Educação (Roberto Requião).
Com o PFL, ficaram as comissões de Relações Exteriores (a ser presidida por Antônio Carlos Magalhães), Fiscalização e Controle (Alexandre Costa), e Infra-estrutura (ainda em disputa entre João Rocha e José Agripino).

Texto Anterior: Capital externo pode ser limitado
Próximo Texto: Darcy elogia presidente mas critica seus aliados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.