São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Senador propõe contratar 486 assessores

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro-secretário do Senado, Odacir Soares (PFL-RO), vai propor à Mesa Diretora a votação de seu projeto que cria 486 cargos de confiança nos gabinetes. A medida abre espaço para a contratação de parentes e cabos eleitorais.
Pelo projeto, a verba gasta com os quatro assessores de cada gabinete (R$ 13,3 mil) poderá ser distribuída por até dez funcionários. O número de assessores seria definido por cada senador.
O projeto copia o modelo da Câmara. Cada deputado dispõe de R$ 10 mil para contratar até 16 assessores. Atualmente, cada senador contrata um assessor técnico (salário de R$ 4.100) e três secretários parlamentares (salário de R$ 3.000, cada).
Soares afirma que já fez uma consulta aos novos senadores e recebeu apoio "unânime" ao seu projeto. Apresentado em 91, a proposta original foi assinada por 42 senadores, entre eles Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o senador Gilvan Borges (PMDB-AP), ex-deputado, o favorecimento de cabos eleitorais é o principal critério utilizado na Câmara para preencher as vagas.
"Devido ao alto índice de desemprego e aos compromissos de campanha, a tendência é atender a todos. A gente estica o mais que pode para atender aos nossos cabos eleitorais", disse.
Os deputados têm até quatro assessores em Brasília e até seis em seus Estados, afirmou Borges.
Mas a proposta de Soares já provoca polêmica. O senador Roberto Freire (PPS-PE) é contra: "Dividir o salário de quatro em dez desqualifica a assessoria. Eu não quero empregar gente. Quero um trabalho de qualidade".
Bernardo Cabral (PP-AM) tem argumento semelhante: "Prefiro ter quatro assessores bem remunerados do que dez mal pagos".
Soares também vai propor a compra de 81 novos carros para os senadores. A despesa ficaria em torno de R$ 2,4 milhões.
Para isso, será preciso alterar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que proíbe a compra de veículos de representação.
"O Legislativo é o único Poder impossibilitado de comprar novos carros. Com isso, a nossa frota está envelhecida. São Opalas de 83, 84, no máximo, 86", argumenta.
Soares sustenta que a compra é possível porque os veículos não são exatamente de representação: "São carros de serviço". Ele também afirma que, "se não é proibido usar os atuais carros, também não é proibido comprar novos".

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