São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995 |
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Parlamentares dão emprego a parentes
LUCIO VAZ
Ele tem outro motivo para justificar a contratação da mãe, Cícera Pinheiro Borges, 59, que reside em Macapá (AP): "É ela quem me elege no Estado. Como vou deixar a minha mãe na mão?". O senador usa a Bíblia para explicar o favorecimento: "A Bíblia diz que o homem deve honrar o pai e a mãe para que a sua vida se prolongue na terra. Se pudesse, daria dez empregos à minha mãe". A mulher de Borges, Maria Marlene Barriga, é pedagoga e trabalha no gabinete em Brasília. O senador aceitou posar para fotos ao lado da mulher: "Não escondo nada. Esta questão de nepotismo é relativa. Minha mulher é uma pessoa qualificada". Pelo menos cinco parentes de senadores, entre mulheres e filhos, já foram contratados pelo Senado. Na legislatura passada, havia 28 parentes empregados nos 81 gabinetes. As contratações ainda não foram concluídas. O senador Bernardo Cabral (PP-AM), ex-relator do Congresso constituinte de 88, justifica a contratação do filho Júlio Cabral, ex-deputado. "Ele não é só parente. Prestou um serviço inestimável quando fui relator da Constituinte." Júlio é assessor técnico, com salário de R$ 4.100. A senadora Emília Fernandes (PTB-RS) contratou o filho Carlos Alberto Xavier Fernandes, 25, estudante do 3º ano de direito, como secretário parlamentar, com salário de R$ 3.100. "Ele é mais um estudante brasileiro que não tem espaço no mercado de trabalho. Já trabalhava comigo na Câmara de Vereadores de Livramento", diz Emília. O senador Antonio Carlos Valadares (PP-SE) também contratou um parente que já foi deputado, o sobrinho Pedro Almeida Valadares Neto. Ele tem o cargo de assessor técnico. Texto Anterior: Senador propõe contratar 486 assessores Próximo Texto: Governo prepara revisão de tarifas telefônicas Índice |
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