São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Polícia do Rio faz acareação de suposto falsário

PAULO GRAMADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O marchand Giuseppe Irlandini, acusado de vender obras de arte falsificadas, e o cenógrafo Márcio Neiva, que disse serem de sua autoria telas com assinatura de pintores famosos apreendidas na galeria de Irlandini, foram colocados frente a frente para uma acareação, ontem, pela polícia do Rio.
Segundo Irlandini, Neiva teria recebido da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro uma oferta de US$ 25 mil para que o incriminasse. O cenógrafo desmente essa versão.
Para o diretor da Bolsa de Arte, Jones Bergamin, 44, a declaração de Irlandini é "estapafúrdia". Ele disse que a "Bolsa sempre foi um empecilho para que Irlandini colocasse obras falsas no mercado".
Segundo ele, "todos os marchands sabem que Irlandini é o maior foco de falsificações no Brasil. A maioria não fala para não criar conflito".
Anteontem foram apreendidas mais 84 telas, supostamente falsas, na galeria de Irlandini. Tinham assinaturas de pintores como Di Cavalcanti, Volpi, Manoel Santiago, Pancetti, entre outros.
Irlandini disse que Neiva servia de intermediário na compra de telas. O cenógrafo admitiu que assinava recibos de compras de telas, embora alegasse desconhecer que fossem falsificações.
Luiz Guilherme Vieira, advogado do Projeto Portinari, disse ontem que dois marchands estariam sendo procurados por Irlandini, que tentava recomprar telas.
"Se for confirmado, isto representa obstrução do trabalho da Justiça", disse o advogado.
A dona da galeria Seledom, Lúcia Maia, deverá depor. Ela teria comprado quadros de Irlandini e suspeita-se que sejam falsos.

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