São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Abril estuda a abertura de seu capital

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Abril conduz estudos visando a abertura de seu capital. A data ainda não foi fixada. Roberto Civita, presidente do grupo, julga ser esta a opção indicada para empresas familiares compelidas a se capitalizar para não limitar a expansão.
"Queremos ter centenas de acionistas", disse Civita à Folha. "Teremos de investir muito nos próximos anos, em função do crescimento da demanda, o que será feito através de joint ventures e abertura de capital."
Os negócios na área de mídia eletrônica (TVA e MTV) já consumiram acima de US$ 170 milhões. Quantia semelhante deverá ser aplicada nos próximos anos.
Civita nega que a abertura de capital seja ainda consequência do processo de endividamento do grupo, que atingiu cerca de US$ 140 milhões no início de 1994. Ao final do ano, o faturamento líquido alcançou US$ 670 milhões, o que representou um salto de 39% em relação a 1993.
Esse desempenho, segundo afirma, gerou caixa para saldar grande parte do endividamento, cujo patamar atual é "inferior a US$ 35 milhões".
Além disso, parcerias firmadas em 1994 nas áreas de TV a cabo e listas telefônicas com grupos internacionais somaram acima de US$ 70 milhões. A Abril trabalha com projeção de faturamento líquido 20% superior em 1995.
"Nosso desafio agora não é pagar dívida, é financiar o crescimento. A dívida está resolvida", diz. É prioritária a ampliação da capacidade do parque gráfico.
A Abril vem negociando, desde meados do segundo semestre, um acordo com o R.R. Donneley & Sons, maior grupo gráfico dos EUA, que possui empresas em 70 países e faturou US$ 4,5 bilhões em 1993.
É dono de 51% das ações da gráfica Cochrane, com sede no Chile, associada no Brasil à Globopar, que controla a Editora Globo, principal concorrente da Abril.
Em consequência, porém, do crescimento do mercado de revistas após o Plano Real, os planos foram revistos. É improvável que o acordo seja fechado nos moldes previstos.
Não foi decidido se uma nova negociação será iniciada em outras bases com o Donneley. A ampliação da gráfica será em escala superior e envolve maior volume de investimento.
O grupo estuda bancar com recursos próprios a instalação de uma gráfica fora de São Paulo.

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