São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Rock feminino abandona clichês

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

O rótulo "rock feminino" tem sido usado como ferramenta de marketing desde a explosão do punk rock. Por isso, a maioria das mulheres plugadas em guitarras se recusa a discutir o tema.
Apesar de estar em cena desde a guitarrista Duchess, da banda de Bo Diddley, só agora as mulheres começam a ganhar respeito, sem precisar recorrer aos clichês de "bad girls", que as letras masculinas consagraram.
Como a cena independente americana foi inspirada pela rejeição aos valores tradicionais, via punk, é fácil encontrar vários selos alternativos comandados por mulheres e voltados ao rock feminino —Simple Machines, na Virginia, Thrill Jockey, em Chicago, Chainsaw, em Olympia, e Spanish Fly, da baterista do Babes in Toyland, em Minneapolis.
As novas "rockers" não seguem um padrão fixo de comportamento. Sempre há as românticas, como Tori Amos, que se sente escrevendo a partir do útero. E as cínicas, como Me'Shell Ndegéocello, que se pergunta: "Se você escreve a partir do útero, onde, exatamente, põe a caneta?".
É comum ver cantoras trágicas, de voz etérea e visual frágil, colocaram-se à frente de bandas formadas por homens. Muitas vezes, suas letras são escritas pelos companheiros, ou não soam à vontade ao tentar falar sobre coisas femininas, por causa dos rapazes. Casos de Dolores O'Riordan, do grupo Cranberries, Hope Sandoval, do Mazzy Star, Mary Lorson, do Madder Rose, e Juliana Hatfield, desde o tempo do Blake Babes.
As bandas apadrinhadas por Kim Gordon, do Sonic Youth, que costumam estourar amplificadores, incluem Breeders, Hole, Babes in Toyland, L7, Bikini Kill e todo o movimento Riot Grrl.
Entre as moças, Polly Harvey é quem vai mais seca ao útero, cantando até a própria menstruação. Mas nem suas músicas superam o título clássico de "Shaved Pussy Poetry", do grupo feminista Huggy Bear.
(MP)

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