São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Peru diz aceitar qualquer decisão dos avalistas

DA REDAÇÃO

O governo do Peru está disposto a aceitar qualquer decisão dos países avalistas do Protocolo do Rio sobre suas fronteiras com o Equador, mesmo que isso implique reconhecer como equatoriana alguma localidade que considera sua.
A afirmação foi feita segunda-feira à Folha por Gonzalo Fernández-Puyo, ex-embaixador peruano em Brasília e integrante da missão de personalidades enviada pelo Peru para dar esclarecimentos sobre a posição do país.
Para o ex-ministro da Justiça Max Arias Schreiber, decano do Colégio de Advogados do Peru, o artigo 9 do Protocolo de 1942 prevê "concessões recíprocas" entre seu país e o Equador.
Ambos apontaram em mapas a região da cordilheira do Condor, onde ficam os 78 km não-demarcados após a assinatura do acordo de 1942. " Aqui está o rio Cenepa, cuja extensão não era conhecida naquela época. Ele aparecia em mapas equatorianos de 1920 ou 1921 com o nome de Cañipi", disse Arias Schreiber.
Braz Dias de Aguiar (o brasileiro que iniciou a demarcação nos anos 40) " previa que a linha divisória passasse pela confluência entre os rios Zamora e Santiago até chegar a Yaupi, mas ele não sabia a extensão do Cenepa", afirmou.
Isso só foi descoberto em 1947, após um levantamento feito pela Força Aérea dos EUA. " Agora, se a linha deve passar por aqui ou por ali, isso dependerá da interpretação do levantamento de Aguiar a ser feita por peritos internacionais", afirmou Fernández-Puyo.
Outro integrante da delegação, o jornalista Alejandro Miró Quesada, diretor do diário limenho "El Comercio", disse estar " seguro que os peritos internacionais determinarão que os combates ocorreram em território peruano, ou seja, que o Peru foi o agredido".
Para ele, o fato de o Equador ter saído em vantagem na divulgação de informações à opinião pública indica que o governo de Quito " organizou muito bem esta operação".

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