São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Peru prende soldados do Equador

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Quinze soldados equatorianos foram presos ontem por tropas peruanas na região fronteiriça . A informação foi dada por jornalistas na base militar de El Milagro, no Peru.
Os equatorianos estariam em solo peruano. Na manhã de ontem, uma rádio peruana informou que um grupo de elite do Exército peruano havia se dirigido à fronteira para 'prender invasores'.
Os dois lados continuam a trocar acusações de violações ao cessar-fogo assinado na última sexta-feira. Segundo as Forças Armadas do Peru, o Equador continua lançando ataques.
O Peru confirmou ter perdido vários soldados em explosões de minas colocadas por tropas equatorianas em seu território. O número de vítimas não foi revelado.
Militares do Peru disseram que mais de 30 soldados do país foram evacuados gravemente feridos em confrontos com os equatorianos.
O Equador, que acusa o Peru de atacar três bases em solo equatoriano, disse que os enfrentamentos foram isolados. O ministro de Governo, Abraham Romero, afirmou que o presidente do Peru, Alberto Fujimori, "não vacila em mentir para o mundo". "Historicamente sabemos que nosso vizinho respeita muito pouco os compromissos e a palavra empenhada", afirmou.
Fujimori, que tenta a reeleição em abril, foi criticado também por Javier Pérez de Cuéllar, ex-secretário-geral da ONU e candidato de oposição. Segundo ele, " a política improvisada e incoerente do Peru pôs a pátria em perigo".
O presidente equatoriano, Sixto Durán-Ballén, afirmou que se os países avalistas do Protocolo do Rio não atuarem com " imparcialidade", o país vai recorrer a "outras instâncias".
Os avalistas (Brasil, Argentina, Chile e EUA) foram também os mediadores do cessar-fogo assinado na semana passada em Brasília.
Durán-Ballén disse que " um acordo tem que significar não somente a manutenção daquelas áreas para o Equador, como também a recuperação de outros territórios que neste momento podem estar nas mãos do Peru".
Esses territórios, prosseguiu, "o Peru os tomou arbitrariamente ao fixar por si só a fronteira nos cumes da cordilheira do Condor".
Jaime Nebot, líder do Partido Social Cristão do Equador, considerou "um grande ponto de partida" a proposta peruana de que o papa João Paulo 2º arbitre a questão fronteiriça.

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