São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995
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Universitário terá de passar por teste final

GILBERTO DIMENSTEIN; PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ter um diploma não vai mais ser suficiente para entrar no mercado de trabalho. Os estudantes terão de passar um por um teste final. A informação é do ministro da Educação, Paulo Renato Souza. "O teste é um dos mecanismos que dispomos para aumentar o nível de ensino", afirmou à Folha Paulo Renato, convencido de que, tirando os "focos de excelência", a média é "ruim".
À semelhança do que já acontece com os advogados, só vai ter licença para trabalhar quem passar por um exame após a conclusão dos estudos universitários. Os primeiros cursos a adotar o teste final serão medicina e odontologia.
O plano do MEC é atuar em convênio com entidades de classe: o Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), o CRM (Conselho Regional de Medicina) e o CRO (Conselho Federal de Odontologia).
O MEC também quer passar a influir no exame hoje realizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que permite aos bacharéis em direito trabalharem como advogados. Segundo o secretário de Ensino Superior do MEC, Décio Leal de Zagottis, 55, para alguns advogados o exame da OAB é, às vezes, muito específico.
O coordenador da comissão de assuntos constitucionais da OAB, Paulo Lopo Saraiva, 55, afirma que a atual legislação impede que o MEC participe do exame.
"O Estatuto do Advogado determina que o exame seja feito pela OAB. Ele está sendo aplicado com rigor. A banca tem três advogados de áreas diferentes", diz. Antes de 94, o estágios do aluno era aceito no lugar do exame.
Agora todos fazem as provas: uma escrita (sobre o programa da universidade), uma dissertação e uma específica. A última é oral: o candidato tem que sustentar um processo sorteado na hora.
O Confea também prefere que se mantenha a situação atual, sem exame para engenheiros. O presidente da entidade, Henrique Luduvice, 37, afirma que o assunto foi "exaustivamente discutido em 91 e 92". "Chegamos à conclusão de que o exame corresponde a uma inspeção no final do processo, como se uma fábrica fizesse o controle de qualidade só com os produtos prontos. É um desperdício".

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