São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995
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O destino é um fato inexorável

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Ninguém consegue fugir do seu destino. Vera Mota lembra uma das muitas versões das tentativas inúteis. Um carvoeiro, apavorado pela idéia de morrer, resolveu convidar a Morte para madrinha do filho. "Assim ela não me leva, pois terá que cuidar de meu filho", pensava o carvoeiro.
Realmente ele viveu muitos anos, mas um dia a Morte precisou buscá-lo; para não pegá-lo de surpresa, avisou sua visita com antecipação. Mas o homem ficou apavorado —e, no dia da visita da Morte, disfarçou-se de mendigo e foi para a rua.
A Morte chegou. "Meu marido não está em casa", disse a mulher do carvoeiro. "Ainda bem", disse a Morte. "Vou levar aquele pobre mendigo ali na rua, e Deus não vai reclamar."
E o carvoeiro foi carregado pela Morte.

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