São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995
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Alemanha bane duas organizações neonazistas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Partido Liberal dos Trabalhadores Alemães (FAP), uma das maiores organizações neonazistas da Alemanha e ligada a ataques racistas, foi banido ontem.
A Corte Constitucional declarou que o FAP não é um partido político de fato. A decisão abriu caminho para o governo banir o grupo e confiscar os bens e propriedades.
Imediatamente, o ministro do Interior, Manfred Kanther, ordenou batidas policiais em casas de membros do FAP.
Em Hamburgo, autoridades locais, sob o mesmo argumento, colocaram fora da lei a Lista Nacional, grupo de extrema direita dirigido por Christian Worch, uma das principais lideranças neonazistas do país.
O FAP reverenciava líderes nazistas e incentivava rituais nazistas. Desprezava direitos humanos, difamava instituições democráticas e difundia declarações racistas e anti-semitas, disse o ministro Kanther.
Pelo menos quatro grupos extremistas foram banidos da Alemanha desde a onda de violência neonazista que se seguiu à reunificação do país, em 1990. Trinta pessoas, na maior parte estrangeiros, foram assassinadas.
A última organização a ser posta na ilegalidade foi a paramilitar Juventude Viking, em 10 de novembro passado.
Na blitz policial, foram confiscadas bandeiras fascistas, telefones portáteis, máquinas de fax, dinheiro e panfletos de propaganda.
Relatório do governo dava conta de que líderes do FAP falavam em prender inimigos em campos de trabalho forçado ou executá-los.
O partido diz contar com milhares de simpatizantes, mas os membros efetivos seriam cerca de 400, de acordo com levantamento do governo, de 1993.
O grupo tem laços com grupos extremistas russos, particularmente o também banido Unidade Nacional Russa.
No início do mês, a polícia invadiu 66 casas e escritórios de membros da FAP após comício em que os extremistas brandiam bandeiras com cruzes suásticas e faziam a saudação nazista, com o braço estendido.
Diversos membros da organização foram implicados em crimes e mais de 50 deles enfrentam julgamento por violação da lei que proíbe símbolos nazistas.
Entre os suspeitos está o chefe nacional do FAP, Friedhelm Busse, 73, tido como uma proeminente liderança neonazista.
Porta-voz do governo de Hamburgo disse que a base para proibir a Lista Nacional foi a mesma da Corte Constitucional.
Em 1993, a Lista organizou parada para comemorar o aniversário da morte do nazista Rudolf Hess, homem de confiança de Hitler.
Em novembro do ano passado, o líder Christian Worch, 38, foi condenado a dois anos de prisão por atividades neonazistas.

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