São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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Paralisação é provisória, diz governador

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL


O governador paulista Mário Covas afirma à Folha que as "paralisações que eventualmente aconteceram" nas áreas sociais são "uma situação provisória", que se deu justamente pela "intenção dessa administração de atender os mais carentes".
Segundo o governador, os serviços parados ou comprometidos nesse momento —e que "forem de interesse público"— serão retomados "logo a seguir".
Covas repetiu ainda o que declarou no final de janeiro, ao completar 30 dias de governo. Segundo ele, se nada for feito este ano, o Estado terá um déficit no fim de 1995 de R$ 12 bilhões.
O governador também reagiu às críticas em relação à velocidade nos cortes. "Em uma circunstância como essa, eu deveria andar devagar ou rápido?", questionou. "Se eu estivesse fazendo as coisas lentamente, me perguntariam: não dá para fazer mais rápido?", completou Covas.
Ele rechaçou a crítica peemedebista de que o governo tucano realizou uma jogada de marketing para culpar o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho por eventuais fracassos e futuras cobranças.
Para o governo, embora certas áreas estejam hoje sendo sacrificadas, era importante ao tomar posse ter um critério para começar o redesenho administrativo do Estado.
O critério escolhido foi o de acabar com o Baneser e enxugar a máquina, sem privilégios. "Como poderíamos cortar em algumas áreas e outras, não", indagou Alexandre Machado, secretário de Comunicação.
Machado também disse que o governo tem em mãos pesquisa de popularidade feita pela empresa CBPA em que o índice de "ótimo" e "bom" para o governo Covas é de 27%.
Segundo o secretário, 41% dos 400 entrevistados consideraram "regular" esse início de governo. Pela pesquisa do governo, 16% dos entrevistados acham que Covas está fazendo uma gestão "ruim" (7%) ou "péssima" (9%).
Machado afirmou também que cada secretária ainda busca soluções para os setores mais afetados pelos cortes.
Um dos setores do Estado em que houve grande reação dos usuários foi o que envolve a Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar Social.
A secretária-adjunta Alcione Borner Campos, repetiu o discurso de Machado ao tentar explicar a situação.
"Diante do grave quadro financeiro, não se trata de o governo penalizar apenas as áreas sociais. Covas está fazendo com todo o governo", afirmou ela. "Mas o governo é muito sensível à questão social, apesar das dificuldades com o caixa", completou.
Segundo ela, se Casas Abertas para crianças estão sendo fechadas é porque há distorções. "Na de Pirituba, 14 funcionários atendiam sete crianças, um absurdo", disse.
Décio Monteiro, presidente da Febem, entidade ligada à Secretaria da Criança e que aloja 8.500 menores carentes (sendo 500 infratores), negou que haja "no momento" risco de rebelião, apesar das 950 demissões de um total de 1.350 previstas.
"Estou apagando fogo, mas não sou um super-homem. Encontrei a casa arrasada e não dá para fazer muita coisa", ressalvou Monteiro, ao comentar os remanejamentos de pessoal que diz ter feito para manter a situação sob controle.

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