São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995 |
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País vive ruptura do governo atual com anterior
NEWTON CARLOS
É como é vista a prisão de Raúl Salinas, irmão do ex-presidente Carlos Salinas, sob a acusação de ter sido "mentor intelectual" do assassinato em setembro passado do ex-secretário-geral do partido-Estado, José Francisco Ruiz Massieu, tido como partidário de reformas que "civilizassem" o sistema político mexicano. O alvo real é o ex-presidente, que horas antes do anúncio oficial da prisão apareceu na rede internacional da Televisa, a maior televisão do país, não para defender o irmão, mas a si próprio. Diante das câmeras, gesto inusitado tendo em vista a tradição de discreção e ausência dos ex-presidentes mexicanos, Salinas rechaçou "afirmações" ou "insinuações" de que durante seu mandato foram "encobertas" investigações sobre o assassinato em março do ano passado de Luis Colosio. Ex-candidato presidencial do PRI, Massieu foi morto por dois pistoleiros, um deles funcionário do partido-Estado, o que recolocou em cena a idéia de complô. Também Colosio prometia reformas. Os sinais de ruptura não ficaram por aí. Parlamentares de todos os partidos, inclusive o PRI, pedem que Salinas seja chamado a depor sobre a morte de Colosio. A "Economy & Business", editada em Londres, já havia dito que Salinas exibira um "triunfalismo ridículo" em sua última mensagem ao Congresso e que a oposição queria processá-lo por "estatísticas econômicas falsas". O presidente Ernesto Zedillo, herdeiro da crise produzida pelo governo anterior, além de aumento da inflação e sinais de onda recessiva, teria optado por deixar clara as culpas do governo anterior, juntar-se à corrente anti-Salinas e conseguir um novo pacto social. Texto Anterior: Massieu teria atrapalhado Salinas Próximo Texto: Brasil assiste novela mexicana Índice |
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