São Paulo, sábado, 4 de março de 1995
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'King Kong' opõe amor e lógica

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Claude Beylie relata a reação de Paul Eluard quando lhe pediram para assumir a presidência de um cineclube: "Tudo bem, mas vocês passam 'King Kong'?" A resposta cai bem para Eluard, mestre da poesia amorosa e de formação surrealista.
"King Kong" (Cultura, 22h30) é, precisamente, um caso de amor que desafia a lógica, uma espécie de "A Bela e a Fera" numa ilha da Malásia, já que tudo em gira torno do rapto de uma atriz (Fay Wray), que será ofertada em casamento a Kong.
Raramente o bestiário cinematográfico terá criado uma situação tão estranha: Kong é um gorila gigantesco. A atriz cabe em sua mão.
Mas o amor é uma instituição ilógica, que se nutre de mais de diferenças irreconciliáveis do que de semelhanças. Daí o delirante amor de Kong e a ternura que passa a ter em relação à garota serem um exemplo limite do "amour fou" surrealista. Sob a capa da fábula, o que "King Kong" anuncia é a desordem amorosa que de certo modo o cinema contribuiu para instituir.
A lembrar: no fim da madrugada, a Record entra com "No Silêncio da Noite" (4h), de Nicholas Ray, outro filme a reter.
(IA)

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