São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995
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Homem encara sua pequenez

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Uma definição clássica diz que a comédia consiste em colocar o homem comum numa situação incômoda. Como definir, então, o que acontece em "Viagem Insólita" (Globo, 16h)?
Dennis Quaid é uma espécie de astronauta da vida interior. Reduzido a dimensões microscópicas, ele deve ser injetado num coelho. Mas a seringa é roubada e seu destino torna-se incerto. Acaba injetado em um pacato funcionário, mas não é a mesma coisa: ambos correrão perigos por conta da história.
Temos aqui um caso de humor produzido no coração da angústia. Quanto maiores as ameaças que pairam sobre o homem microscópico, maior a quantidade de risos. É um bom exemplo de como Hollywood, nos seus bons momentos, resolve as coisas.
Ao fazer uma comédia irrealista até o último tostão, investe pesado em algumas das mais arraigadas angústias humanas.
Uma delas é a perda de controle sobre seu destino (uma fatalidade que vai além do episódico, diz respeito à própria natureza das coisas, ao descentramento humano).
Outra, pode-se chamar de angústia das proporções: a constatação de ser um nada no infinito, que as fantasias sobre miniaturização nos relembram, embora nem sempre para rir (ver, a respeito, "O Incrível Homem que Encolheu", de Jack Arnold, obra-prima do fantástico).
(IA)

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