São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pedro Malan estréia

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi o batismo de imagem de Pedro Malan. Como Fernando Henrique antes dele, ou como Rubens Ricupero, o ministro foi à televisão e falou como o próprio real. Primeiro no Jornal Bandeirantes, depois no Jornal Nacional, ele até sorriu.
Ele tinha razão para sorrir. Como afirmou nas entrevistas, ocorreu uma "reafirmação do compromisso" do presidente com o real, com a estabilização via câmbio, enfim, com ele, Pedro Malan. (Aliás, uma das frases atribuídas ao presidente, ontem na TV, foi a de que não há Real 2, um plano novo.)
Isso depois de uma "difícil semana", como disse o próprio Pedro Malan. Uma semana em que ele chegou a ser acusado de vazamento de informação. Uma difícil semana em que o alvo teria sido o Plano Real:
— O que houve foi uma aposta de natureza especulativa contra o Plano Real, algo que é inaceitável para nós, e o Banco Central mostrou determinação e firmeza em mostrar que os ataques especulativos contra o real não terão livre curso.
Sobre o "compromisso" do presidente com o plano:
— Ficou claro que, não só a atuação do Banco Central, mas a reafirmação do compromisso do governo com o programa de estabilização é que constitui a maior resposta a esses ataques especulativos, quando ocorram.
Mas não podia ser perfeito, o batismo de imagem de Pedro Malan. No final da entrevista feita por Alexandre Garcia, o ministro saiu-se com esta:
— O nosso problema não é de recessão, de desemprego. É de crescimento e emprego.
Foram suas últimas palavras, e devem continuar ecoando.
Preocupação
Deu até manchete, no TJ:
— Sexta-feira excepcional em Brasília: mais de quatrocentos parlamentares apareceram para trabalhar.
Na CBN, dois políticos especularam sobre as razões para o acontecimento. Um deles foi Roberto Campos:
— Uma delas (das razões) é a preocupação com as medidas emergenciais que o governo está tomando e tem que tomar.
Uma preocupação saudável, foi o que ele quis dizer. O petista Paulo Delgado foi mais direto, com ironia:
— Pode ser que alguns dos parlamentares estejam preocupados com as suas contas pessoais.

Texto Anterior: Reunião na segunda tentará reverter isolamento
Próximo Texto: Crise atrasa instalação de comissões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.