São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Cavallo cria esquema para ajudar bancos

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O Banco Central informou ontem ao ministro da Economia, Domingo Cavallo, que 60 dos 200 bancos argentinos estão com dificuldades de liquidez ou incapacidade de pagar seus compromissos.
Para refrear a crise financeira do sistema bancário, Cavallo pretende criar um instituto de resseguro bancário e adotar um regime de restituição preferencial de depósitos até o valor de US$ 3 mil.
O instituto de resseguro bancário garantirá depósitos até o valor de US$ 3 mil e também incentivará a fusões de bancos. O Banco Central também pode fixar regras para restituições a médio prazo de depósitos até US$ 90 mil.
Não existe nenhuma modalidade de seguro bancário na Argentina. O Banco Central não dá garantia nem mesmo aos depósitos de caderneta de poupança. Isto agrava ainda mais a desconfiança em relação ao sistema financeiro.
Estas são algumas medidas que Cavallo anunciará nos próximos dias para obter US$ 2 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional), US$ 1 bilhão do Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento e US$ 2 bilhões dos bancos internacionais.
Estes US$ 5 bilhões serão canalizados totalmente para evitar um quebra em cadeia de bancos.
A Associação de Bancos Argentinos anunciou que o sistema financeiro perdeu 12% do total de depósitos em pesos e dólares, entre 20 de dezembro a 3 de marco.
Isto significa que, desde a desvalorização do peso mexicano em 19 de dezembro, mais de US$ 4,9 bilhões saíram dos bancos.
Cavallo reuniu-se durante todo o dia com sua assessoria para definir o pacote fiscal que será apresentado neste final de semana a técnicos do FMI.
O secretário de Programação Econômica, Juan Llach, disse ontem que o Ministério da Economia implementará novas medidas na área fiscal.
Cortes adicionais no Orçamento, eliminação de incentivos e subsídios e aumento de impostos integram o cardápio que Cavallo submeterá ao FMI.
O FMI e os bancos comerciais querem uma garantia efetiva de que Cavallo não utilizará os recursos dos empréstimos para cobrir gastos públicos. Por isto, Cavallo quer aumentar em 10%, cerca de US$ 4,5 bilhões, a arrecadação tributária.
O governo pode elevar as alíquotas de alguns tributos sem necessidade de consultar o Congresso. Cavallo deve elevar os impostos sobre combustíveis e eliminar incentivos às exportações.
No final da noite de ontem, Cavallo reuniu-se com o secretário geral da Presidência, Eduardo Bauzá, e com o "grupo dos oito", composto pelas principais lideranças empresariais argentinas, para discutir as medidas de emergência.
Bolsa
O empréstimo do FMI e as alterações na política cambial provocaram euforia no mercado. A Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou ontem uma alta de 12%.

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