São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Recorde no nível de emprego nos EUA pode causar alta de juros

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O índice de desemprego nos EUA chegou em fevereiro ao seu nível mais baixo em quatro anos e meio: 5,4% contra 5,7% no mês anterior. A notícia provocou alta nas bolsas de valores do país.
O presidente Bill Clinton comemorou durante breve anúncio dos números na Casa Branca: "Mais de 6,1 milhões de empregos foram criados desde que eu tomei posse. A economia nunca esteve tão saudável nesta geração".
Muitos economistas acreditam que o banco central poderá elevar as taxas de juros pela oitava vez em 13 meses para conter pressões inflacionárias provocadas pela situação de virtual pleno emprego.
O setor de serviços foi o responsável por mais de dois terços dos 318 mil novos empregos gerados em fevereiro. Bares e restaurantes registraram o maior crescimento.
A Bolsa de Valores de Nova York fechou com o maior índice de sua história: 4.035,61, 52 pontos acima da véspera (1,3% de aumento).
Apesar dos receios de que a queda do desemprego possa provocar alta na inflação, sob controle durante todo o período de recuperação da economia dos EUA, alguns analistas dizem que o perigo não existe.
Eles oferecem dois elementos tranquilizadores: em fevereiro, a semana média de trabalho não excedeu as 34,5 horas do mês anterior nem o salário médio nacional cresceu (US$ 11,31 por hora).
Os dados sobre desemprego estão sendo considerados pela maioria dos analistas como indício de que a economia norte-americana vai continuar crescendo este ano, talvez a níveis maiores do que os previstos.
Em 1994, o PIB americano aumentou 4%. Para 1995, a maioria das previsões indicava crescimento entre 2% e 3%.
Dólar
O valor do dólar norte-americano diante do iene japonês e do marco alemão subiu um pouco ontem, em consequência das especulações de que os juros nos EUA podem ser elevados outra vez.
O aumento dos juros pode ocorrer devido à notícia de queda do desemprego.
O banco central dos EUA tem reagido a quedas na taxa de desemprego com elevação dos juros, a fim de conter pressões inflacionárias: desde fevereiro de 1994, os juros subiram sete vezes.
Os juros mais altos nos EUA ajudam a cotação do dólar porque tornam mais atraentes os investimentos feitos nessa moeda.
Um dos motivos para a queda livre no valor do dólar foi a indicação feita pelo presidente do banco central, Alan Greenspan, de que o aparente desaquecimento da economia dos EUA poderia levá-lo a baixar os juros.
Greenspan vinha se recusando a elevar juros apenas para defender a cotação do dólar diante do iene e do marco por achar que isso poderia jogar a economia norte-americana em recessão.
O dólar também se valorizou diante de várias moedas européias ontem depois que vários governos da Europa resolveram aumentar suas taxas de juros internos para defendê-las de excessiva depreciação diante do marco.

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