São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Bolsa paulista reage com alta de 25,62%

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O governo conseguiu controlar o pânico com os negócios com dólar no mercado financeiro. Elevou os juros do over de 4,14% ao mês para 6% ao mês e adotou medidas que induzem as instituições financeiras a reduzir a especulação com o dólar.
Os juros dos CDBs saltaram de 57,94% ao ano na taxa equivalente para 31 dias do dia anterior para 77% ao ano, ontem. As projeções de juros para este mês no mercado futuro dispararam de 4,43% no dia anterior para 4,70% ontem.
As instituições financeiras passaram a vender ontem os dólares para o Banco Central e destinar parte do dinheiro para as Bolsas de Valores.
O resultado foi que o índice da Bolsa paulista (Bovespa) registrou alta de 25,62%, o segundo recorde histórico só superado pelo pregão do primeiro dia útil (+36,5%) após o anúncio do Plano Collor 2 (em 4 de fevereiro de 1991).
O presidente da Bolsa paulista, Alvaro Vidigal, não quis arriscar na previsão da tendência da Bolsa após a alta ontem de 25,62%. "Não sei dizer qual a tendência, mas a oscilação que ocorreu em uma semana mostra que o mercado ainda não tem maturidade".
No mercado cambial, os bancos iniciaram os negócios ontem com a determinação do BC de limitar a posição comprada das instituições financeiras no comercial e no flutuante.
Os bancos passaram a vender dólar e as cotações chegaram a R$ 0,862 para venda. Começaram rumores de que algumas instituições iriam quebrar por terem comprado dólar no dia anterior a R$ 0,888 em 32 leilões de venda promovidos pelo Banco Central e a cotação atingia R$ 0,862 na manhã de ontem. A partir das 10h30, o Banco Central iniciava leilões de compra com a cotação de R$ 0,880, reduzindo os prejuízos das instituições financeiras.
O Banco Central divulgou às 11h30 o comunicado 4492 que estabelece novos limites dentro da sistemática de faixas de flutuação. A partir de agora, o intervalo inferior será a R$ 0,880 para compra e R$ 0,930 para venda.
No mercado de renda fixa, o governo colocou Notas do Banco Central Especial com juros de 15,5% ao ano mais correção cambial para o prazo de três meses. O BC anunciou também a recompra dos papéis prefixados BBCs e LTNs em poder das instituições com taxas médias de 6% ao mês. A operação teve como objetivo reduzir os prejuízos do mercado. Os papéis prefixados foram colocados em uma realidade de juros diferente da atual.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, em média, 0,114%. Segundo a Andima, a taxa do over ficou, em média, em 6,00% ao mês, projetando 4,25% no mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), as taxas de juros ficaram, em média, a 7,34% ao mês, projetando 5,02% no mês.
As cadernetas que vencem hoje rendem 2,1487%. CDBs prefixados de 31 dias negociados ontem: entre 45% e 76% ao ano. CDBs pós-fixados de 122 dias: 14% a 15% ao ano mais a variação da TR.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa média foi de 9,27% ao mês, projetando rentabilidade de 6,34% no mês. Para 31 dias (capital de giro): de 90% a 200% brutos ao ano.

No exterior
Prime rate: 9%. Libor: 6,44%.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: alta de 25,62%, fechando com 26.861 pontos e volume financeiro de R$ 408,84 milhões. Rio: valorização de 16,8%, encerrando a 12.438 pontos e movimentando R$ 55,54 milhões.

Bolsas no exterior
Londres: o índice Financial Times encerrou a 2.311,80 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a 16.358,38 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,880 (compra) e R$ 0,882 (venda). No dia anterior, segundo o Banco Central, o dólar comercial fechou a R$ 0,886 (compra) e R$ 0,888 (venda). "Black": R$ 0,895 (compra) e R$ 0,905 (venda). "Black" cabo: R$ 0,900 (compra) e R$ 0,905 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,865 (compra) e R$ 0,905 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: queda de 1,0%, fechando a R$ 10,91 o grama na BM&F.

No exterior
Segundo a "UPI", em Londres a libra fechou cotada a US$ 1,5085. Em Frankfurt o dólar foi cotado a 1,4160 marco alemão. Em Tóquio, o dólar fechou cotado a 91,12 ienes. Em Nova York a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 381,80.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para março fechou a 4,70% e para abril a 4,71% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para abril ficou a 27.000 pontos, com alta de 28,57%.

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