São Paulo, domingo, 12 de março de 1995 |
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Planalto não sabe como conter rebelião das bases
JOÃO BATISTA NATALI; DANIEL BRAMATTI
A estrutura de comando no Palácio do Planalto se instalou para "pensar o Estado" e propor soluções administrativas, segundo expressões repetidamente utilizadas pelos mais próximos de Fernando Henrique Cardoso. Com isso, o comando das ações ficou em mãos de de Clóvis Carvalho, ministro-chefe do Gabinete Civil, e de Eduardo Jorge, secretário-geral da Presidência. Mas "não dá para dialogar com eles", desabafou um dos dirigentes do PMDB, partido que possui a maior das bancadas de sustentação de FHC. O problema é levantado de maneira mais eufêmica pelo ex-deputado José Abrão, convocado na última quarta-feira para assumir, no Planalto, as relações entre o Executivo e o Congresso: "Os canais não estavam apenas entupidos. Estavam também pegando fogo", disse ontem. O problema não era tanto, a seu ver, de não atendimento de pedidos específicos (fisiológicos) que os parlamentares encaminhavam à equipe do presidente. Estava sobretudo na da falta de segurança que deputados e senadores procuravam obter na simples existência de interlocutores para discutir seus problemas, às vezes de cunho até mais doutrinário, como as dimensões regionais da reforma fiscal. A isso se somou a crise no próprio PSDB, o partido de FHC. Pimenta da Veiga renunciou à presidência da Executiva Nacional ao sair enfraquecido do confronto com o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, um dos homens fortes da "entourage" presidencial. Motta quis apenas se licenciar da secretaria-geral do partido, em lugar de renunciar àquele cargo por estar exercendo funções no governo. O problema tende para uma solução. O líder da bancada do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), disse ontem que a Executiva se reúne depois de amanhã, declara vaga a presidência e convoca o Diretório Nacional para escolher um novo corpo de dirigentes dentro de um prazo máximo de 30 dias. Com isso, ao menos, os tucanos deixariam de dar o mau exemplo de falta de articulação que acaba contaminando o relacionamento do Planalto com todos os demais partidos da coalizão situacionista. Há, no entanto, questões pendentes. "Não é possível acionar o presidente da República sempre que houver algum entrave nas negociações com o Congresso", afirma o deputado Luís Carlos Santos (PMDB-SP), bem situado para identificar os gargalos por ser o líder do governo na Câmara. Há duas alternativas para que a tarefa da articulação tenha um titular de maior mobilidade. Anteontem, durante a reunião de deputados federais do PSDB, pelo menos três participantes defenderam a indicação de uma personalidade com estatuto de ministro e que atuaria dentro do Palácio do Planalto. Colaborou Daniel Bramatti, da Sucursal de Brasília. Texto Anterior: Uma situação extraordinária Próximo Texto: Governo é "ruim de serviço", diz Quércia Índice |
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