São Paulo, domingo, 12 de março de 1995
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Batatinha quando nasce...

Na campanha do Colégio Eleitoral, Tancredo Neves foi a um comício promovido por produtores rurais gaúchos. Estava com Marco Maciel (PFL), que participara da montagem da Aliança Democrática com o PMDB.
Assim que chegaram, os organizadores levaram os visitantes a um enorme descampado. Lá estavam não só os fazendeiros, mas seus equipamentos também. Tratores, caminhões e colheitadeiras se concentravam ali. Havia muito barulho de motores. Grandes faixas com saudações e pedidos se espalhavam pela área.
Tancredo assistia em silêncio. Até que Maciel chamou-lhe a atenção para um homem idoso, postado ao pé do palanque. Carregava um cartaz escrito à mão, colado num pau. Na ponta, estava espetada uma batatinha. A propósito, dizia o cartaz: "Não esqueçam da nossa batatinha".
Tancredo puxou Maciel para perto e sorriu:
— Viu? Não podemos esquecer da batatinha.
Tancredo venceu a eleição indireta, mas morreu antes de assumir. E a batatinha foi esquecida.

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