São Paulo, domingo, 12 de março de 1995 |
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Recessão chega à Argentina
SÔNIA MOSSRI
A Câmara de Comércio da Argentina detectou uma queda de 40% no comércio em fevereiro. Em Buenos Aires, as redes de supermercado foram as primeiras a refletir a falta de crédito e o novo comportamento do consumidor. Três cadeias importantes —Hawai, Unión e Sumo— estão à beira da falência e já declararam concordata. Isto quer dizer que continuam funcionando apesar da incapacidade de pagar suas dívidas. A euforia de compras de bens de consumo duráveis pelo cartão de crédito ou em até cem prestações mensais parece ter acabado. A Câmara Argentina de Cartões de Créditos detectou redução no movimento, além de inadimplência de 20%. Com medo de perder o emprego ou que o peso possa ser desvalorizado, o argentino compra cada vez menos. A crise mexicana obrigou o ministro da Economia, Domingo Cavallo, a aplicar uma dolorosa terapia na aparente estabilidade, mantida há quatro anos com entrada maciça de capital especulativo. Aumento dos impostos sobre automóveis, elevação da tributação sobre combustíveis, fim de subsídio aos exportadores e restrições para importações de bens de consumo supérfluos são algumas da novas medidas em elaboração. Este cardápio deverá provocar aumento de preços e promover ainda mais o desemprego. Projeções reservadas do Instituto de Investigação e Censo, ligado ao Ministério da Economia, apontam uma taxa de desemprego de 15% em junho. Isto significaria cerca de 3,5 milhões de desempregados ou subocupados. A quase 60 dias das eleições de 14 de maio, o maior temor do presidente Carlos Menem é que haja um segundo turno. Ele é candidato a um novo mandato. Até agora, Menem usou a estabilidade para conquistar os eleitores. O desenrolar de Cavallo para frear a ameaça de quebra de bancos pode ser decisiva nas eleições. A popularidade do próprio Cavallo está em baixa. Desde a última segunda-feira, ele exibe um novo aparato de segurança. Dois carros, com agentes, integram a nova segurança no ministro. O candidato da Frente País Solidário, José Octavio Bordón, critica a política econômica menemista e acena com mudanças caso ocupe a Casa Rosada. Seu comitê considera que o principal alvo do candidato é a classe média. Um dos principais economistas que assessoram Bordón, Ignacio Chojo, diz que é preciso investir mais na produção local e estimular ganhos de produtividade. Critica Cavallo por ter aberto o país às importações sem definir uma política industrial. Texto Anterior: Brasil sofre reflexos da turbulência mexicana Próximo Texto: México lança pacote recessivo Índice |
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