São Paulo, domingo, 12 de março de 1995 |
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México lança pacote recessivo
FLAVIO CASTELLOTTI
O dólar atingiu no mesmo dia seu nível mais alto frente à moeda mexicana, sendo vendido a 8,2 novos pesos na Cidade do México. Em 19 de dezembro, um dia antes da explosão da crise cambial, a moeda norte-americana era negociada a 3,46 novos pesos. Guillermo Ortiz, ministro da Fazenda, disse que "o ajuste será um sacrifício para a população mexicana, mas pior seria o descaso do governo". Para 95, ele prevê queda de 2% do PIB e uma inflação de 42%, seis vezes maior que a taxa de 94. As perspectivas são ruins para todos os setores da economia. O ministro do Trabalho e da Previdência Social, Santiago O¤ate, disse que cerca de 700 mil trabalhadores devem perder seus empregos no próximo semestre. A inflação de fevereiro, 4,2%, foi sete vezes maior que a do mesmo período do ano passado. A taxa acumulada de inflação no bimestre foi de 8,16% e já supera a taxa anual de 94. O pacote traz aumento no preço dos combustíveis, outros insumos e tarifas públicas. Estabelece também aumento de 10% para o salário mínimo e benefícios fiscais para quem ganha até quatro salários. Com aumento de insumos, salários e preços, a volta da espiral inflacionária é tida como certa por especialistas. Esse pode ser, portanto, apenas o início da crise, que deverá se estender, a partir de agora, de maneira mais visível ao setor real da economia. Empresas sem liquidez O aumento de 50% do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) vai dificultar ainda mais a situação das empresas, que estão com falta de liquidez devido à alta das taxas de juros e a desvalorização do peso. Muitas haviam se endividado em dólares e viram sua dívida crescer cerca de 100% num período de menos de três meses. O setor empresarial está dividido com relação às medidas. Para Antonio Rivera, presidente da Coparmex (Confederação Patronal da República do México), o programa significa a ruptura da era dos "pactos sociais" no México. "Somos terminantemente contra o aumento de impostos e não vamos assinar o pacto", disse. Já Luis Germán Cárcoba, presidente do CCE (Centro Coorporativo Empresarial) disse que o aumento do IVA era "inevitável" para equilibrar as contas públicas. "Por outro lado, o problema de liquidez será atenuado pela proposta da reestruturação das dívidas", disse. O Ministério do Comércio mexicano anunciou anteontem a intenção de apresentar, nos próximos dias, um conjunto de medidas que visa facilitar a abertura de micro e pequenas empresas, para atenuar os efeitos do pacote. Texto Anterior: Recessão chega à Argentina Próximo Texto: Desconfiança em Clinton derruba dólar Índice |
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