São Paulo, domingo, 12 de março de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Os movimentos místicos de uma máquina retórica
FÁBIO DE SOUZA ANDRADE
O texto foi estabelecido a partir de um cotejo com a "editio princeps dos Sermões", organizada pelo próprio padre, e a apresentação segura detalha o momento de sua elaboração. O desencanto com as coisas do mundo remete ao estoicismo, mas a ênfase está na lembrança da morte como ocasião para salvação e reforma da conduta. O próprio padre vivia então o exílio branco romano (1669-1675), o desencanto não resignado com sua influência e prestígio em queda junto à corte portuguesa, decepção que nem mesmo a aprovação entusiástica das audiências do Vaticano e da rainha Cristina da Suécia abrandava. Dois dos "Sermões de Cinza" foram pregados em Roma e o terceiro, que não chegou a ser pronunciado, foi escrito em Lisboa nos anos seguintes. Seu estilo particular, jogando com os extremos —a ameaça e o consolo, o mal e o remédio— usa e abusa das amplificações, dos oxímoros, servindo-se das demonstrações convincentes, convincentemente reviradas pelo avesso. A seleção de "A Arte de Morrer" propicia o contato direto com a máquina retórica de Vieira em movimento e oferece um caminho alternativo para sua obra, fugindo de atalhos mais conhecidos. Texto Anterior: Vieira e a leitura alegórica do universo Próximo Texto: A Paris visionária de Júlio Verne Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |