São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995 |
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CUT se reúne em Brasília dividida sobre reforma na Constituição
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
A principal polêmica: a CUT deve apresentar propostas para a reforma constitucional ou se colocar contra e não entrar no debate? Para o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, a central deve participar. "O Congresso mudou. Não é viciado e cheio de CPIs como o que queria fazer a revisão constitucional o ano passado." Para Vicentinho, a CUT deve aproveitar para apresentar suas propostas de jornada de trabalho de 40 horas semanais, mudança na estrutura sindical e reforma tributária. Apesar de admitir "o risco" de o Congresso atual não aprovar as suas propostas, Vicentinho considera que a CUT "não pode se omitir dos debates nacionais". A opinião de Vicentinho é compartilhada por Marcelo Beltrão, diretor da Fittel (Federação Interestadual dos Telefônicos). Ele e outros líderes sindicais de categorias em campanha salarial da CUT (metalúrgicos, funcionários públicos, petroleiros), participa da reunião da executiva no seu último dia, quinta-feira, dia 16. Só votam os diretores da CUT, mas a posição de categorias envolvidas na reforma constitucional vai ajudar a definir a estratégia a ser adotada pela central. "Da revisão do ano passado, a gente não devia participar. Era um Congresso em fim de mandato, desgastado. O governo queria votar um pacote com quórum de maioria simples", diz Beltrão. Já o secretário de organização da executiva nacional da CUT e presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida, discorda. "Segundo o próprio Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o Congresso atual está mais propenso a aprovar as reformas do governo do que o anterior", argumenta. Além disso, diz ele, entrar na discussão sobre as reformas "divide o movimento sindical, visto que não há consenso. Precisamos nos unir contra o governo". Antônio Ribeiro Duarte, diretor do Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros) da base de São Paulo, entre outras cidades, concorda. "O presidente da Câmara é filho do ACM e do Senado é Sarney. Não acho que daí saia algo de bom." Há ainda uma terceira posição. "Temos que ser contra a discussão sobre o fim do monopólio do petróleo. Mas podemos apresentar proposta para, por exemplo, a reforma tributária", diz Carlos Spis, coordenador da Federação Única dos Petroleiros. Wagner Gomes, da Corrente Sindical Classista e da direção executiva da CUT, considera que "dependendo das circunstâncias" a CUT deve ou não apresentar propostas para a reforma. Greve A estratégia para barrar as propostas do governo também é polêmica entre os dirigentes cutistas. Carlos Spis, da Federação Única dos Petroleiros, acha que "vai ser necessário fazer greve para chamar a atenção da sociedade". Em 94, os petroleiros pararam contra a reforma. Já Marcelo Beltrão, da Fittel, acha que "não é necessário greve" pois o Congresso "pode manter, após muito lobby do movimento sindical, o monopólio do petróleo e telefonia." Texto Anterior: Presidente deve enviar emenda até quarta Próximo Texto: Série "Qualidade Total" completa um ano hoje Índice |
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