São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Argentina sobe impostos em troca de ajuda

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O Ministério da Economia da Argentina anunciou ontem que o governo vai mesmo aumentar impostos para fechar um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O acordo já está praticamente acertado e deve ser anunciado até terça-feira.
O secretário de Programação Econômica, Juan Llach, disse ontem que "o aumento de impostos é inevitável por causa da crise econômica e será temporário". A idéia é que se estenda até 31 de dezembro deste ano.
Os argentinos vão pagar mais imposto de renda, IVA (Imposto sobre Valor Agregado), imposto de importação, tributos sobre automóveis importados de fora do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul), cigarros, combustíveis e bebidas alcoólicas.
O governo argentino terá que consultar autoridades brasileiras para aumentar a tributação de veículos produzidos em países que não pertençam ao Mercosul. Recentemente, o governo brasileiro obteve sinal verde da Argentina para adotar decisão semelhante.
Além disto, será reduzida a devolução de impostos aos exportadores e aumentada em até 40% a contribuição sobre a folha de salários pelos empresários da indústria em geral, incluindo agricultura.
O ministro da Economia, Domingo Cavallo, reuniu-se desde as 7h de ontem com a missão do FMI que chegou sábado a Buenos Aires, chefiada pelo inglês Martin Hardy. O FMI exige um ajuste fiscal mais severo do que o desejado inicialmente por Cavallo.
Em contrapartida, o ministro tenta conseguir mais de US$ 2 bilhões do FMI para injetar no sistema bancário, que enfrenta falta de crédito e recursos para pagar os compromissos em dia.
Cavallo gostaria de obter até US$ 3 bilhões do FMI. A estes se somariam US$ 2 bilhões dos bancos comerciais e US$ 1 bilhão do Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O FMI não abre mão de um aumento de mais de cerca de US$ 6 bilhões na arrecadação de 95. Isto significa mais de 10% da receita tributária prevista para este ano.
Muitas das novas medidas deste novo pacote fiscal -o terceiro em 70 dias, desde que o México desvalorizou o peso, em 19 de dezembro- podem ser feitas pelo Executivo sem a necessidade de aprovação do Congresso. É o caso ao aumento do IVA.
Llach informou que Cavallo pretende divulgar o novo pacote até terça-feira. Na quarta, o governo tenta aprová-lo no Congresso.

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