São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Edmundo deve ficar no Equador até 4ª

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A GUAYAQUIL

Edmundo pode ficar ficar até terça ou quarta-feira no Equador, caso não seja arquivada a queixa contra o atleta, que agrediu um cinegrafista na última terça-feira, depois do jogo entre Palmeiras e Nacional pela Libertadores da América.
Essa é a opinião de Iván Guerron, advogado de defesa do jogador chamado para o caso pela Embaixada do Brasil em Quito.
"Sem um acordo com o denunciante, tentaremos o pedido de fiança. Até o juiz estipular o valor, deve levar um ou dois dias a mais", disse o advogado.
O jogador só volta hoje o Brasil se for arquivada a denúncia feita por Germán Veras, cinegrafista do canal Telesistema.
Germán, que está em Guayaquil, fez uma procuração na sexta-feira ao advogado José Maria Borgia em Quito, capital do país e local onde foi feita a queixa.
Com a procuração, Borgia pode retirar a denúncia, caso o dono do canal, Carlos Mu¤oz Insua, sinta-se satisfeito com as razões apresentadas pelo advogado de Edmundo, hoje.
A empresa de comunicação não ficou nada contente com as desculpas que Edmundo pediu em sua sede, na quinta-feira passada.
O atacante foi lá junto com o vice-presidente do Palmeiras, Seraphim Del Grande, que se desculpou em nome do time.
Edmundo pediu desculpas, mas repetindo sempre que havia sido provocado.
Segundo Javier Valdés, editor de Esportes da Telesistema, Edmundo sorriu durante a projeção do vídeo da agressão, apresentado durante a conferência de imprensa na emissora, em Guayaquil.
Por isso, pelo jogador não ter assumido a culpa do incidente e pela não chegada do fax da Embaixada do Brasil, a televisão não desfez o acordo de pedir o arquivamento da queixa na sexta-feira.
Edmundo, "encarcerado" no apartamento 220 no hotel Oro Verde, sem poder sair de seu quarto, teve que esperar até hoje para ver qual é a sequência do caso.
Ele não pode nem ao menos descer à recepção do hotel, por ser lá uma área pública e existir uma ordem de prisão na mão do coronel Galarsa, comandante da Polícia Nacional do Equador.
Ele e mais uma dezena de policiais fardados e à paisana estão no hall de entrada do hotel e cercam o prédio desde sexta-feira às 17h locais (19h, horário de Brasília).
Edmundo permanece em seu quarto e sua principal atividade é assistir televisão.
O jogador iria acompanhar o clássico entre Palmeiras e São Paulo, pelo canal norte-americano ESPN, que passaria a partida em videoteipe. Sua outra distração, o telefone, foi suspendida.
O advogado de Edmundo recomendou que o atleta fale o menos possível por telefone porque o aparelho pode estar "grampeado" (com escuta policial).
O palmeirense fez dez ligações na sexta-feira (quando não sabia do grampo) e só duas no sábado.
Às ligações recebidas, Edmundo responde com monossílabos, evitando dar detalhes dos acontecimentos.
Ontem ao meio-dia, chegou a Guayaquil o diretor de futebol do Palmeiras, Alberto Strufaldi, que veio juntar-se a Valdir de Moraes, preparador de goleiros, e Regina Vanuchi, agente de viagens contratada pelo clube.
Strufaldi se mostrou bastante otimista. "Na minha opinião, tudo deve terminar na segunda-feira mesmo", disse.
Ontem, ele conversou com o embaixador do Brasil no Equador, Osmar Vladimir Chohfi.
Strufaldi veio substituir o vice-presidente do Palmeiras, Seraphim Del Grande, chefe da delegação que permaneceu no país para os dois jogos da Libertardores e voltou a São Paulo anteontem.
Segundo Strufaldi, o advogado de Edmundo irá hoje de manhã conversar com o juiz que expediu a ordem de proibição de saída do país e detenção do atacante.

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