São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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'Exilados' fogem do vestibular

DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Roberto Marconini, 21, está no primeiro ano de medicina na Univalle. Antes de mudar para Cochabamba, Marconini prestou vestibular quatro vezes para medicina e nunca foi aprovado. Ele acha que há fraudes nos vestibulares.
"Vim para cá porque era a única maneira de eu estudar medicina", diz. Marconini foi encaminhado para a Univalle pelos irmãos Doraci e Francisca, representantes da universidade no Brasil.
O estudante conta que não se informou aqui se o diploma seria válido. "Mas conheço muita gente que consegue transferência para outras universidades. Ouvi dizer que dentro de três anos o diploma passará a ser válido no Brasil", diz.
Marconini pretende pedir transferência em breve para alguma universidade de São Paulo.
Maria Cecília de Werk, 22, saiu de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e não pensa em voltar tão cedo. Ela diz ter sido informada que conseguir validar o diploma no Brasil é "muito complicado", mas não se importa com isso. "Se o diploma não valer eu fico por aqui mesmo, faço qualquer coisa por amor à profissão", diz.
Ela prestou medicina três vezes —nenhuma aprovação— e conta que seus pais não teriam condições de pagar uma universidade no Brasil. "Só aqui eles podem me manter", diz.
Cecília e Marconini moram em uma república com outros oito estudantes brasileiros.
Segundo Marconini, a saudade do Brasil é grande entre os "exilados". "Quando a gente vai para os bares de Cochabamba é aquela choradeira", diz.
Simone Augusta Francisca, 17, procurou a representante da Univalle Francisca Xavier após ler um anúncio de jornal."O que me chamou a atenção foi não ter que fazer vestibular", diz.
Simone desistiu porque foi aprovada para o curso de Ciências Contábeis na universidade São Francisco.
Ela diz que, apesar de só ter tentado o vestibular uma vez, iria para Cochabamba se não tivesse passado. "Faria qualquer coisa para me livrar de outro vestibular", diz.

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