São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Paço Imperial abre exposição de telas recentes de John Nicholson

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Exposição: John Nicholson
Quando: até 30 de abril, terça a sexta, das 11h às 18h30, sábado e domingo, das 12h às 18h30
Onde: Paço Imperial (praça 15 de Novembro, 48, centro, tel. 021/252-6613)
Quanto: entrada franca

O diálogo espacial de figuras definidas ou na maior parte das vezes apenas sugeridas —num caleidoscópio de cores opacas— forma a base do atual trabalho do artista plástico John Nicholson, agora exposto no Paço Imperial.
Nascido no Texas há 44 anos e radicado no Brasil desde 1977, Nicholson mostra ao público 27 telas que pintou de 1989 a 1994. É sua oitava exposição individual na cidade.
O artista propõe ao espectador uma reflexão dos limites do jogo de espaços para se criar uma imagem. Daí o abandono, a partir de 1987, da tinta óleo, com suas cores vivas, berrantes.
À primeira vista, a maior parte dos quadros perde força expressiva diante da opacidade das cores utilizadas. Causa estranhamento esse carnaval de cores foscas, sem brilho.
O uso de tinta acrílica sobre tela foi uma decisão amadurecida. "A tinta óleo é muito sedutora. Mas percebi que estava cansado dessa riqueza e mais preocupado em como formalizar a imagem."
Considerado um dos pais da Geração 80 —movimento artístico carioca que revelou, no início dos anos 80, nomes das artes plásticas como Daniel Senise—, Nicholson parece não querer o visitante deslumbrado de longe com as cores, mas explorando bem de perto cada centímetro de seus quadros.
"Estou mais preocupado com a vivacidade do espaço que pulsa, para que o espectador olhe e fique parado, querendo entrar nele", afirma.
Em muitos dos quadros, ele estampa máscaras e aplica-as nas telas, criando efeito semelhante a uma colagem. Alguns desses trabalhos revelam suas influências juvenis da arte pop americana.
É o caso da tela "Cuts" (1,40 m x 1,80 m), pintada em 1990, em que surgem algumas das poucas figuras mais definidas da atual fase do artista —incluindo uma banana e o Pão de Açúcar.
Na maior parte dos quadros, porém, as figuras são apenas sugeridas, como o rosto de uma mulher ou um submarino, dentro do jogo de composições espaciais idealizado por Nicholson.
Com tamanho médio de 1,50 m x 1,50 m, chegando a 1,90 m x 3,60 m, boa parte dos quadros está à venda —com preços variando de R$ 3 mil a R$ 7 mil.
Um catálogo bem cuidado foi editado para a exposição, com textos em português e inglês do semiólogo Roberto Corrêa dos Santos, do psicanalista Joel Birman e do diretor do Paço Imperial, Lauro Cavalcanti. (Roni Lima)

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