São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Companhia preserva repertório clássico

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Foi o Ballet Kirov que estreou a versão completa de "O Lago dos Cisnes", em 1895. Coreografado por Lev Ivanov e Marius Petipa, este espetáculo em quatro atos contava com música de Tchaikovsky, compositor preferido dos mestres de balé da época.
Além de "O Lago dos Cisnes", uma das obras mais populares da história da dança, o Kirov mostrará ao público brasileiro a versão integral de "O Corsário", geralmente apresentada em fragmentos.
Produzido em 1856 pelo Teatro da Ópera de Paris, "O Corsário" é baseado em um poema homônimo de Byron.
Seu enredo é protagonizado por uma garota grega, transformada em escrava e salva por um pirata que por ela se apaixona.
Repleta de proezas espetaculares, a coreografia de "O Corsário" é frequentemente utilizada por bailarinos que desejam exibir qualidades técnicas.
Na temporada brasileira, o papel principal de "O Corsário" será dançado por uma das estrelas atuais do Kirov: Farukh Ruzimatov, 32, nascido em uma região russa próxima do Afeganistão e da China.
Por essa razão, o bailarino Ruzimatov foge à regra quanto à aparência dos bailarinos russos. Moreno, traços exóticos, confere a suas interpretações um caráter por vezes primitivo.
O grupo de primeiras bailarinas inclui Altynai Asylmuratova e Yulia Makhalina, que vem merecendo calorosos elogios da crítica norte-americana e européia.
Oleg Vingradov, diretor do Kirov, é contemporâneo de Rudolf Nureyev. Ambos estudaram com um professor legendário, Alexander Pushkin.
Nascido em São Petersburgo, Vinogradov começou a dançar com o Ballet Novosibirsk, em 1958. Como coreógrafo, realizou várias versões do repertório clássico, como "Romeu e Julieta" e "Cinderella".
Vinogradov assumiu a direção do Kirov em 1977. Apesar da fama de conservador de Vinogradov, Béjart, após seu contato com o Kirov, criou para sua companhia, o Béjart Ballet Lausanne, a superprodução "Souvenir de Leningrad".
À parte a preservação do repertório clássico, Vinogradov procura realizar novas montagens, como "Potenkin".
Contudo, o Kirov perdeu grandes talentos nos últimos anos. Como a bailarina Nina Ananiashvili, hoje no Royal Ballet de Londres.
Talvez, agora, em vez de um farto "banquete", o Kirov ofereça apenas uma amostra parcial do que já representou. Mas a excelência associada a seu nome ainda é capaz de estimular a imaginação.
Afinal, não é qualquer companhia que pode exibir no currículo fases fundamentais da trajetória da dança, como as performances de Marle Taglioni, primeira bailarina romântica da história do balé. (AFP)

Texto Anterior: Ballet Kirov dança tradição russa no Brasil
Próximo Texto: Brasil viu partes do grupo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.