São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Aeroporto no mar aumenta vôos

STEVEN BRULL
ESPECIAL PARA A FOLHA , DE TÓQUIO

Cinco meses após seu turbulento início de operações, as perspectivas do aeroporto futurista de Osaka (sudeste do Japão) estão começando a melhorar.
O Aeroporto Internacional de Kansai, construído numa ilha artificial de 511 hectares na baía de Osaka, a uma distância de 5 km da costa, é um exemplo de engenharia e arquitetura.
Seu terminal é um fantástico edifício ultramoderno, erguido no formato das asas abertas de um gigantesco pássaro.
Foi projetado por Renzo Piano, o arquiteto italiano que também trabalhou no Centro George Pompidou (Beaubourg), em Paris.
Embora seu terminal faça Kansai parecer um dos aeroportos mais interessantes no mundo, o fato de ter sido erguido no meio da baía de Osaka acabou se revelando problemático.
O local foi escolhido para evitar os problemas de poluição sonora e aquisição de terrenos que sempre estiveram presentes no superlotado e inconveniente Aeroporto Internacional de Tóquio, em Narita, situado a 50 km do centro da cidade.
Mas os responsáveis pelo aeroporto de Osaka, depois de rejeitarem empreiteiras estrangeiras, alegando que não compreenderiam inteiramente as condições específicas do solo da baía, descobriram que a ilha estava afundando.
A solução foi instalar um sofisticado sistema de macacos debaixo do prédio do terminal. Mas isso adiou sua abertura em 18 meses e aumentou os custos em 50%, para um total de 1,5 trilhão de ienes (o equivalente a US$ 16,46 bilhões).
O resultado foi que o aeroporto de Kansai queria cobrar das companhias aéreas as mais altas taxas aeroportuárias do mundo.
Pedia, por exemplo, taxa de mais de 1 milhão de ienes (US$ 10,9 mil) para cada aterrissagem de um Jumbo. Era mais do que o dobro da taxa cobrada pelo segundo mais caro aeroporto do mundo, o de Frankfurt (Alemanha), e quase quatro vezes o cobrado pelo JFK, de Nova York, e por outros grandes aeroportos na Ásia.
As companhias aéreas recuaram, e os críticos preveniram que o aeroporto corria o risco de cair num círculo vicioso: taxas altas reduzindo o tráfego e as receitas e isso, por sua vez, exacerbando a necessidade do aeroporto cobrar taxas ainda mais altas para cobrir sua crescente dívida.
O Aeroporto Internacional de Kansai acabou cedendo às pressões. Reduziu suas taxas para equipará-las às cobradas pelo aeroporto de Narita, em Tóquio —que ainda são as mais caras do mundo.
E agora, com a economia japonesa em lenta recuperação, as companhias aéreas vêm aumentando seus vôos e mudando sua atitude em relação a Kansai.
"Não estamos inteiramente satisfeitos com a estrutura global de custos, mas um pouco de progresso, pelo menos, foi feito", disse Warwick Blacker, presidente do Conselho de Representantes de Linhas Aéreas no Japão.
"Estamos prevendo uma recuperação a partir de maio próximo e pretendemos ampliar nossos serviços", afirmou Blacker.
Hoje 33 linhas aéreas de 25 países oferecem 58 vôos internacionais e 73 vôos domésticos por dia.
Espera-se que o número aumente a partir da temporada de férias, que começa em julho próximo.
Mesmo assim o aeroporto japonês de Kansai está atolado em dívidas, e só terá esperanças de sair do vermelho no próximo século.

Tradução de Clara Allain

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