São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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D. Paulo faz acusações a Fleury e a Maluf em relatório ao papa

DA REDAÇÃO

O documento que o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, entrega neste mês ao papa João Paulo 2º relata a situação "caótica" do município paulistano e critica o ex-governador Luiz Antonio Fleury (PMDB) pela morte de 111 presos do Carandiru em 1992.
D. Paulo está em Roma, acompanhado de seis bispos auxiliares, para entregar ao papa um relatório de 366 páginas sobre os últimos cinco anos da Arquidiocese de São Paulo.
"Exemplo dramático neste quinquênio foi o massacre de 111 prisioneiros do Presídio Paulistano do Carandiru com a aprovação das altas esferas do governo estadual, no dia 2 de outubro de 1992, véspera de eleições", diz o relatório, referindo-se a Fleury.
"Tal fato degradante para a ética humana e cristã será guardado por toda a Igreja Universal como um novo holocausto de pobres, negros e infectados de HIV."
O documento faz críticas também à atuação do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR), na área de saúde. Segundo d. Paulo, "a situação caótica nestes últimos dois anos ficou por conta e responsabilidade do atual prefeito municipal, que sucateou postos, hospitais e centros de saúde".
O relatório se baseia em pesquisa feita pelo instituto Datafolha em outubro do ano passado, segundo a qual 63% dos paulistanos apontam a saúde como o principal problema do governo.
As medidas de Maluf no setor da educação também recebem críticas. D. Paulo relata que o programa de alfabetização de adultos implantado na gestão da ex-prefeita Luiza Erundina (PT) foi "anulado autoritariamente" por Maluf "assim que tomou posse".
O documento trata ainda do crescimento desordenado da cidade, da alta taxa de mortalidade infantil, dos índices de analfabetismo e da deficiência do transporte.
A polícia também é alvo de queixas. "O crescimento do tráfico de drogas, particularmente do crack e da cocaína, acobertados pela polícia, espalhou-se pela cidade e fez aumentar o número de infectados com Aids", diz o documento.
Segundo a assessoria de Luiz Antonio Fleury, o ex-governador só vai se manifestar sobre as acusações na quinta-feira.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo disse que Maluf se pronunciaria hoje.

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