São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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Detran investiga corrupção entre seus funcionários

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) abriu sindicância, na sexta-feira, para investigar corrupção entre os funcionários do órgão.
Estima-se que pelo menos 30% dos processos dos cerca de 5.000 carros licenciados por dia, em São Paulo, estejam desaparecidos, para esconder irregularidades e falsificações de documentos.
"Posso dizer que encontro por aqui omissão, descalabro, um mar de lama monstruoso", diz o delegado Benedito Dantas Maciel, corregedor do Detran. O delegado diz que tem sido ameaçado de morte para não investigar o caso.
Hoje Benedito Dantas Maciel vai pedir auxílio nas investigações junto a promotores do Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público paulista.
Na sexta-feira seis delegados do Detran colocaram seus cargos à disposição em decorrência das investigações. E ontem dois policiais foram afastados de seus cargos, na divisão de licenciamento do Detran, para que fossem ouvidos pela Corregedoria.
Uma das principais irregularidades encontradas se refere aos chamados carros alienados, aqueles cujas parcelas não foram quitadas junto aos consórcios. Segundo a Corregedoria do Detran, funcionários têm colocado carimbos em documentos atestando que o automóvel está quitado, quando na verdade há parcela a serem pagas. De posse de um documento falso, estelionatários vendem o carro como se ele estivesse quitado.
Foi também detectada, segundo a Corregedoria, a formação de uma "caixinha" para deixar passar carros em vistorias, na Divisão de Licenciamento. Outra irregularidade a ser investigada é a falsificação de documentos de carros importados, que teriam seu ano de fabricação adulterado para que as revendedoras vendessem carros velhos como modelos novos. Cada adulteração, segundo a corregedoria, tem uma taxa variável cobrada pelos funcionários acusados, que varia entre R$ 200 e R$ 300.

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