São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995 |
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'A Próxima Vítima' mostra tensão urbana
ESTHER HAMBURGER
O clássico romance com as idas e vindas do folhetim é intercalado pelo suspense da trama policial. E a fotografia fácil das câmeras paradas, com takes rápidos, editados de maneira alternada, foi incrementada pela utilização constante de gruas, câmeras em movimento e sequências longas. Silvio de Abreu é o mestre da comédia no melodrama. Seu projeto nesta novela é o de acrescentar mais um ingrediente à sua pizza, o suspense. A idéia é a de surpreender permanentemente o telespectador pouco atento, com o rompimento repentino da trama. As personagens das intermináveis tramas repetitivas que notabilizaram as novelas perderam a chance da ladainha segura, em "A Próxima Vítima" elas podem ser eliminadas a qualquer momento —sem perder o bom humor. Tietê, Mooca, Bexiga. Pizza, frigoríficos, Filomenas e Carmelas. Estamos em São Paulo, cenário pouco comum para novelas, mas certamente adequado ao tom policial de "A Próxima Vítima". Uma sequência de caos urbano abriu a novela. A cidade em dia de enchente, marginais congestionadas. Talvez o sotaque carregado no italiano esteja uniforme demais para uma cidade de tantos imigrantes e nuances, mas ele certamente ajuda a manter um tom engraçado. A tensão do cotidiano paulista se estende pela longa sequência sem cortes que termina com o atropelamento e morte de um certo senhor misterioso (Reginaldo Farias). A direção de Jorge Fernando pretende com essa câmera cuidada, inspirada no cinema, fazer uma novela diferente de suas experiências clipe anteriores. Misturar suspense e comédia em novela não é tarefa elementar. A empreitada vai exigir, por exemplo, a volta ao segredo que novelistas como Janete Clair tanto prezavam. Vai exigir também do telespectador, que não poderá se limitar à atenção casual que se acostumou a dispensar a seu programa preferido. Texto Anterior: Prédio na Faria Lima ganha painel animado Próximo Texto: MP não invalida contratos, diz Dallari Índice |
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