São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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PSDB escolhe Richa para deter Maciel na articulação

GABRIELA WOLTHERS; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PSDB chegou a consenso e indicou ao presidente Fernando Henrique Cardoso o nome do ex-senador José Richa (PSDB-PR) para o cargo de articulador político do governo.
Ele coordenaria votações no Congresso e comandaria a distribuição de cargos de segundo e terceiro escalões.

PFL
Os dirigentes tucanos tomaram a iniciativa após concluir ser preciso definir rapidamente um nome como única forma de tentar barrar as aspirações do PFL, que pretende colocar na articulação uma pessoa ligada ao partido.
A cúpula tucana avaliou que o PFL aposta no que foi batizado de "vácuo político" para que o vice-presidente, Marco Maciel (PFL), ocupe dia após dia a função.
Líderes dos menores partidos da base governista (PL, PP e PTB) avaliam que o PFL não tem maior interesse na indicação do coordenador porque já têm em mãos o filé dos cargos públicos. Foram contemplados no governo Itamar Franco.

Trânsito
O nome de Richa foi bem-recebido pelo presidente nacional do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC). "É um nome perfeito. Ele tem trânsito em todos os partidos, como demonstrou na Constituinte", disse o deputado.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) também defendeu a indicação de Richa para a coordenação política.
O líder do governo no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES), disse que há "uma mobilização de senadores e do PSDB pelo nome de Richa".
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio de Oliveira (PE), que defende a criação do cargo de coordenador político, com "status" de ministro, afirmou ontem que já não há mais consenso no Congresso sobre esta proposta.
"As audiências do presidente, ontem, tiveram muita repercussão. Deputados de alguns partidos acham que é melhor manter este contato direto com o presidente.
O coordenador seria uma intermediário", comentou Inocêncio.
FHC recebeu 19 parlamentares em audiências no Planalto, anteontem.
Ele recebeu pedido de pontes, estradas, casas populares e até uma UTI. Inocêncio acha que o presidente deve ser poupado deste atendimento no varejo.
O consenso do PSDB em torno de Richa ocorreu durante um jantar oferecido anteontem pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta, em sua casa em Brasília. Os governadores tucanos, Tasso Jereissati (Ceará), Mário Covas (São Paulo) e Eduardo Azeredo (Minas Gerais) estavam presentes.

Reunião
Também compareceram à reunião os líderes do PSDB na Câmara, José Anibal (SP), e no Senado, Sérgio Machado (CE), e o presidente provisório do partido, senador Artur da Távola (RJ).
A pressa dos tucanos é tão grande que, logo após o jantar, Machado e Aníbal tiveram a informação de que Richa estava embarcando para os Estados Unidos. Não tiveram dúvidas —foram até o aeroporto para tentar evitar a viagem.

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