São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Cidades revelam prosperidade dos maias

ROGÉRIO C. DE CERQUEIRA LEITE

Palenque, Uxmal e Chichén Itzá conservam pirâmides, palácios, templos e um sarcófago coberto de jade
No México
O período de maior prosperidade da cultura maia começa por volta de meados do terceiro século da Era Cristã, quando Teotihuacán já estava em seu apogeu. As grandes cidades maias —Palenque, Uxmal e Tikal, na Guatemala—, começavam a brotar.
Palenque teve sua grande expansão a partir de 600 d.C. e seu apogeu é atingido cerca de 150 anos depois. São várias pirâmides e palácios servidos por um extenso aqueduto. Lá residiam reis, nobres e sacerdotes. O Templo das Inscrições, em forma piramidal, tem a mesma função das pirâmides do Egito. Lá encontrou-se o sarcófago do Rei Pacal coberto de jade e âmbar. Para os maias não havia material mais precioso que o jade.
Houve época em que a estabilidade do Estado repousava na crença de que reis eram de origem divina. Só assim o direito de seus descendentes ao trono não seria disputado. Os filhos de Pacal erigiram em sua honra um dos mais belos mausoléus. Milhares de artesãos reproduzem hoje em madeira, couro e pedra a harmônica lápide encontrada sobre seu túmulo.
Em Uxmal o traço arquitetônico dominante é o contorno arredondado das quinas das pirâmides. A cidade é percebida por muitos paleontólogos como uma espécie de cidade universitária. Embora contemporânea de Palenque, Uxmal dela difere consideravelmente.
Não apenas pela suavidade dos contornos de suas construções, mas também pela quantidade e delicadeza de seu mosaico exterior.
Já Chichén Itzá pertence a uma outra época, quando os maias haviam sido derrotados pelos toltecas e as duas culturas, em certa medida, já tinham se fundido. Outra vez a presença de um governante poderoso é pressentida. A imagem dominante na escultura de Chichén Itzá é a dos deus Quetzalcoatl, ou Kukulcan, na língua maia.
Este é o nome do rei mais importante do período. A ele é dedicada a maior das pirâmides de Chichén Itzá, o Castelo, onde há uma tumba e se pretende tenha sido enterrado Quetzalcoatl.
A pirâmide, em suas quatro escadarias, tem 365 degraus. É em Chichén Itzá também que se encontra o maior campo de jogo de bola da Mesoamérica.
Lá se jogava este estranho jogo com uma bola de borracha maciça. O gol era marcado quando a bola passasse por uma argola vertical situada a uns três metros de altura. Ao final do jogo os perdedores seriam sacrificados. Há estudiosos que afirmam que o ganhador é que seria sacrificado, assim seria uma honra ir ao encontro dos deuses.
Sacrifícios humanos ocorriam também no "Cenote", imenso orifício na superfície arenosa pelo qual se tem acesso ao lençol freático. Lá eram lançadas as virgens.
Alguns acadêmicos afirmam que os sacrifícios humanos foram introduzidos pelos toltecas. Existem indícios de que esta prática era comum em toda a Mesoamérica.

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