São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Anistia relata impunidade de crimes no país

CARLOS ALBERTO IDOETA
ESPECIAL PARA A FOLHA

No México a impunidade endêmica favorece a recorrência do crime. Há anos a Anistia Internacional vem exortando as autoridades para que promovam investigações de violações de direitos humanos ainda impunes e coloquem à disposição do Judiciário os responsáveis por prisões ilegais, torturas, execuções e "desaparecimentos".
Órgãos do governo central, como a Comissão Nacional de Direitos Humanos, receberam centenas de queixas e enviaram dezenas de recomendações às autoridades competentes, mas quase nada foi aplicado devidamente.
As denúncias de tortura são frequentes em todo o país, especialmente envolvendo a Polícia Judiciária. Os métodos mais utilizados seriam os espancamentos, a semi-asfixia com sacos plásticos, a introdução forçada de álcool ou água apimentada pelas narinas e as descargas elétricas.
Além de suspeitos de crimes comuns, estão entre as vítimas militantes de direitos humanos e líderes indígenas, escolhidos por sua atuação política pacífica.
Os tribunais costumam aceitar confissões obtidas sob coação. A assistência médica aos torturados é muitas vezes inexistente.
O preso de consciência Manuel Manríquez San Agustín, índio otomi, foi condenado, em abril de 1993, a 23 anos de prisão. Detido na Cidade do México, recebeu falsa acusação depois de uma confissão obtida sob tortura. Sorte parecida teve o poeta Pablo Molinet, do Estado de Guanajuato.
Os 23 índios tzeltal detidos em Chiapas, em junho daquele mesmo ano, foram mantidos em regime de incomunicação, brutalmente torturados e obrigados a assinar declarações em castelhano, idioma que desconheciam.
Pouco avançam as investigações sobre as centenas de casos de "desaparecimentos" ocorridos nos anos 70 e início dos anos 80.

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