São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995
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Dilema de FHC é manter ou afastar Franco do BC

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente FHC tem razões tanto para afastar quanto para manter Gustavo Franco na diretoria do Banco Central.
Em duas ocasiões, Franco teve desempenho essencial para FHC. Na primeira, FHC era ministro da Fazenda e perguntou a seus economistas se era viável um plano de estabilização.
Todos responderam com teorias. Gustavo Franco apareceu com a medida provisória do plano já redigida. O real nasceu aí.
A segunda vez é mais recente. Na quinta-feira negra da crise cambial, 9 deste mês, reunidos membros da equipe econômica para dar um jeito no problema, de novo Franco apareceu com resoluções já redigidas.
Essa capacidade encanta o presidente. Mas, de outro lado, FHC decidiu contra Franco na mudança da política cambial.
Franco achava que o momento não era o ideal para a desvalorização do real e que, quando fosse a ocasião, isso deveria ser feito através de ação do BC que faria a cotação do dólar deslizar suavemente para cima.
A decisão de elevar a cotação de uma vez e explicitar a banda de variação do dólar atendeu a demandas do presidente do BC, Pérsio Arida, e do ministro do Planejamento, José Serra.
Agora, manter Franco é fator de instabilidade. Indica que o câmbio pode mudar de novo. Afastá-lo é perigoso, pois o mercado acha que ele é o operador de confiança. É o dilema em que FHC se colocou.
(CAS)

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