São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995 |
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Saída de capital externo atinge US$ 3,39 bi
RODNEY VERGILI
Segundo ele, as retiradas de recursos de investidores estrangeiros estão superando os ingressos este mês em apenas US$ 90 milhões. Para Vidigal, o dinheiro está saindo basicamente de contas de não-residentes (CC-5), de investidores que estavam aproveitando da estabilidade cambial e os altos juros da renda fixa. Os especuladores ficaram assustados com o "fantasma" de desvalorizações expressivas no câmbio, como ocorreu no México. "Os investidores estrangeiros em Bolsa demonstraram que são parceiros de longo prazo, pois não fizeram retiradas substanciais do mercado apesar de toda a crise", afirma Alvaro Vidigal. Vidigal teme que o governo estabeleça algum prazo de permanência para o dinheiro estrangeiro, a chamada "quarentena". Segundo ele, quando o Chile estabeleceu a "quarentena","exportou seu mercado acionário". Hoje as 15 maiores empresas chilenas estão cotadas em Nova York. Para Vidigal, o único controle que o governo deveria fazer é na conta de não-residentes, ou seja, do dinheiro que vem ao Brasil para aplicar em renda fixa. É um dinheiro que foge rápido. O capital de Bolsa não é tão agitado, diz. O saldo líquido (entrada menos saídas) de dinheiro estrangeiro continua expressivo. Em 1991, o saldo líquido foi de US$ 400 milhões. Em 1992, foi de US$ 1,7 bilhão. Em 1993, foi de US$ 5,3 bilhões. Em 1994, de US$ 3,6 bilhões. Contabilizando-se a valorização acumulada no período, o estoque de dinheiro estrangeiro nas Bolsas é de US$ 12 bilhões. "Não acredito que vá haver grandes entradas de recursos externos nas Bolsas este ano", diz Vidigal. Isso só acontecerá se o governo fizer as reformas estruturais, como a da previdência e agilização na privatização. "Acho que os ingressos líquidos (entradas menos saídas) vão ficar bem abaixo dos US$ 5,3 bilhões de 1993". Reunião dos Conselhos Hoje, pela primeira vez, haverá uma reunião conjunta entre os Conselhos das Bolsas de Valores de São Paulo e do Rio de Janeiro. A idéia é buscar uma aproximação e um melhor diálogo entre as duas entidades. A Bolsa paulista tem 92% do mercado acionário nacional. Essa concentração de negócios não é conveniente, diz Vidigal. A idéia é buscar ações conjuntas que permitam se chegar a um fortalecimento do mercado acionário nacional. Será dado um primeiro passo no sentido de harmonizar códigos de negociação, realizar acordos operacionais e aparar arestas políticas. O objetivo da fusão das Bolsas é de longo prazo e tudo dependerá do diálogo entre os dirigentes. Vidigal diz que vai "de espírito desarmado, no sentido de construção de um mercado de capitais forte para o Brasil". Pequenos investidores Segundo Vidigal, o mercado acionário brasileiro está ainda em desenvolvimento e sofre ainda de problemas, como uma política monetária austera. Para ele, a aplicação de pequenos investidores no mercado vai depender da queda das taxas de juros. Com as altas taxas predominantes no mercado brasileiro, fica muito difícil se convencer o pequeno investidor renunciar a uma renda real de 20% ao ano, comodamente recebida, em troca de um mercado de risco, diz. Para ele, o mercado acionário tem boas perspectivas, pois as empresas estão operando em plena capacidade. O nível de endividamento das companhias é baixo. "A rentabilidade das empresas é fantástica", diz. Os balanços são bons e tudo indica que serão melhores. Falta o outro lado da moeda, que é o ajuste do setor público, afirma. Texto Anterior: Marcas de clubes chegam aos brinquedos Próximo Texto: Cannes 1995 Índice |
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