São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995 |
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MARCELO BERABA SÃO PAULO — Pesquisa Datafolha publicada hoje mostra que os próprios deputados federais e senadores admitem que é ruim a imagem do Congresso Nacional.Mais da metade dos parlamentares ouvidos (57%) concorda que essa imagem está hoje associada ao fisiologismo e à inapetência pelo trabalho. É o reconhecimento surpreendente de que a instituição pode estar chegando ao seu limite de descompromisso e irresponsabilidade. Há outro dado positivo. Mais ou menos 70% dos parlamentares ouvidos reconhecem que são os únicos responsáveis pelo desprestígio do Congresso. Instados a analisar as causas dessa imagem dilacerada, admitiram que trabalham em causa própria, que não cumprem seus deveres, que o Congresso anterior "abusou muito", que falta liderança aos partidos e que alguns pares são desonestos. É um "mea culpa" raríssimo, tem-se de admitir, no mundo político. Pode indicar que se amplia, lentamente, o número dos que reconhecem a necessidade de uma reforma profunda nos costumes parlamentares. Mas há um dado na pesquisa que incomoda: 30% dos congressistas —e este número chega a 36% entre os do Nordeste— acham que a imagem ruim da instituição é culpa da imprensa. É uma visão obtusa. Não é a imprensa que força os deputados a deixar o plenário às moscas, que os obriga a se abster da responsabilidade de enfrentar as grandes questões nacionais, que organiza o balcão em que negociam cargos, favores e benefícios em troca de votos e ausências, que os estimula a mudar de partidos como trocam de camisa. A imprensa se limita a descrever suas façanhas. Às vezes, de forma condescendente Na semana que passou, por exemplo, o governo e os partidos que lhe dão sustentação se engalfinharam por causa de cargos. Em São Paulo, não houve quórum na primeira sessão dos recém-empossados deputados estaduais. Dez ou 11 congressistas já mudaram de partido —embora tenham assumido seus mandatos há apenas um mês. E a indefectível bancada dita ruralista voltou a chantagear o governo. Texto Anterior: Droga, dólares e depressão Próximo Texto: De volta para o futuro Índice |
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