São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Festival traz nova geração de diretores

HELENA SALEM
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE CARTAGENA

Uma nova geração de diretores latino-americanos, na faixa dos 30 anos, começa a surgir. Diferentemente de gerações anteriores, que tiveram forte influência de Glauber Rocha, esses cineastas se dizem mais livres para buscar outros caminhos estéticos e temáticos.
Alguns desses cineastas estudaram nos EUA. Outros, na Escola de Cinema de San Antonio de Los Ba¤os, em Cuba. No primeiro caso, figuram o mexicano Roberto Sneider, diretor de "Dos Crimenes", o boliviano Juan Carlos Valdivia, de "Jonás y la Ballena Rosada", e o guatemalteco Luis Argueta, de "El Silencio de Neto", filmes bastante aplaudidos no Festival de Cartagena.
No segundo caso, está o uruguaio Pablo Dotta, de "El Dirigible" (exibido também no Festival de Gramado do ano passado). Os quatro diretores são estreantes em longa-metragem.
Sneider, 32, realizou seu filme baseado na novela homônima do escritor mexicano Jorge Ibarguengoitia. De fino humor, narrativa ágil e excelente desempenho dos atores (o protagonista Damian Alcazar foi premiado em Cartagena, assim como a atriz coadjuvante Dolores Heredia), "Dos Crimenes" ganhou inclusive o prêmio de melhor filme no Festival dos Três Mundos, em Nantes (França).
Formado pelo American Film Institute, de Los Angeles, Sneider é apaixonado pelo cinema de Luís Bu¤uel (que viveu e filmou por muito tempo no México) e avesso aos "apelos fáceis" dos recursos da publicidade que, segundo ele, tanto atraem os novos cineastas.
"Eu sempre dizia para o meu fotógrafo: quero ver o suor dos meus personagens, e nada daquela luz azul inundando a tela. Cinema não é publicidade", afirmou.
"Jonás y la Ballena Rosada", que ganhou o prêmio de melhor "opera prima", é um filme "que busca uma linguagem universal, moderna", nas palavras de Juan Carlos Valdivia, boliviano de 33 anos, que estudou na escola de cinema de Chicago. Ao contrário de Sneider, vê-se na obra de Valdivia a clara influência de sua experiência como diretor de comerciais.
O mesmo se percebe em "El Dirigible", de Pablo Dotta, que faz um mergulho no pensamento do escritor uruguaio Juan Carlos Onetti. E em "El Silencio de Neto", de Luis Argueta, que estudou cinema na Universidade de Michigan. Argueta já ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Biarritz, na França.
(HeS)

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