São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Heróis da resistência

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO — Não se sabe tirando forças de onde, já que a barra continua pesada, eis que os cariocas tentam que tentam reverter a situação de violência e conflagração social em que a cidade se encontra mergulhada.
Os números demonstram que, apesar de todo o apoio depositado pela população na chamada Operação Rio, a criminalidade não diminui.
Tanto que a tal confiança no êxito da luta contra a criminalidade desabou, segundo pesquisas recentes realizadas por aqui.
Mas a chamada sociedade organizada —sim, porque não é só o crime que se organiza, não— insiste, resiste e procura caminhos.
Amanhã será um dia importante nesse sentido. A convite do Viva Rio, cerca de cem empresários do Rio se reunirão para ouvir as propostas deste movimento pela recuperação da cidade.
Serão, principalmente, convidados a patrocinar campanhas publicitárias que promoverão o resgate dos valores da cidadania como a forma mais eficiente de recuperação da cidade como um todo.
As campanhas publicitárias que serão mostradas —abordando temas como violência, limpeza pública, trânsito e defesa do meio ambiente— são fruto de outra manifestação de resistência, desta vez por parte de um importante grupo de publicitários, aqueles mesmos responsáveis pela campanha do Betinho.
Desde a semana passada, o grupo de publicitários que voluntariamente desenvolveu toda a publicidade para a Campanha da Fome está ao lado e integrando o Viva Rio.
Esse tipo de mobilização se dissemina, em que pesem os contratempos. A mais divertida delas foi batizada de "Loucos Varridos", e reúne anônimos e personalidades que pretendem diminuir a sujeira das ruas.
Há ainda os mais "sérios", como o do pessoal de Ipanema que luta contra a violência no bairro, infestado de pivetes e mendigos.
Com ou sem humor, o fato é que, enquanto os governantes tentam descobrir o que fazer, a sociedade civil desempenha como pode seu papel.

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