São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995 |
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FMI libera US$ 1,2 bilhão para Argentina
SÔNIA MOSSRI
Cavallo também afirmou que será criado um fundo de US$ 3,5 bilhões a US$ 3,8 bilhões para injetar dinheiro e capitalizar o sistema bancário. Parte destes recursos será destinada à privatização dos bancos estatais das províncias, quase todos quebrados. A decisão de liberação de US$ 1,2 bilhão do FMI foi uma vitória de Cavallo, que teve o apoio decisivo do Departamento do Tesouro norte-americano. A assessoria direta do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, exerceu pressões nos últimos dias junto à diretoria do FMI para liberação rápida de mais de US$ 1 bilhão. O FMI estava resistindo em liberar metade do empréstimo já no próximo mês. A intenção da diretoria do FMI era desembolsar apenas US$ 400 milhões em abril. Os EUA constituem o acionista principal tanto do Bird e do BID. Isto quer dizer que o governo norte-americano realiza o maior aporte de capital das duas instituições. O governo Clinton não tem interesse político no naufrágio do Plano Cavallo a menos de dois meses da candidatura do presidente Carlos Menem a um segundo mandato. Em menor escala do que o México, os norte-americanos formam o principal grupo de investidores estrangeiros que invadiu o mercado argentino após a adoção do plano de conversibilidade, em abril de 91. Privatização Além disto, empresas norte-americanas têm interesse na próxima etapa do programa de privatização argentino, que inclui as centrais nucleares de Atuacha I e Atucha II, correios, petroquímicas e hidrelétricas. O presidente Menem demonstrou ontem intenção de mudar regras do programa de venda de estatais. Na fase inicial do programa de privatização, as empresas foram vendidas com rapidez, o que gerou denúncias de corrupção. "Precisamos aperfeiçoar o programa de privatização", disse Menem, ao participar de seminário sobre "As Privatizações Pendentes: Serviços Postais e Energia Nuclear". Menem e Cavallo lançam hoje, na Bolsa de Valores, US$ 1 bilhão em bônus do Tesouro que serão adquiridos por empresários e banqueiros argentinos como "empréstimo patriótico". O mesmo volume deve ser adquirido por bancos comerciais, em operação comandada pelo Citibank. Preocupação As divergências do Ministério da Fazenda brasileiro sobre a política cambial e a interpelação do presidente do Banco Central, Pérsio Arida, preocupam o ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo. A assessoria de Cavallo tem acompanhado com atenção os desencontros da equipe do ministro da Fazenda, Pedro Malan, sobre a política cambial. Avalia-se que os episódios dos últimos dias afastam ainda mais os investidores estrangeiros. Texto Anterior: Lideranças rurais se queixam do novo juro para o crédito agrícola Próximo Texto: Câmbio brasileiro preocupa Cavallo Índice |
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