São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 1995
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Ruggiero leva a OMC, com ressalvas

OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A indicação de Renato Ruggiero para a Organização Mundial do Comércio foi recebida com cautela e ceticismo pela comunidade financeira internacional.
Conquistar a liderança foi a parte mais fácil, comentou o "Financial Times", referindo-se à dura disputa encerrada ontem, depois de meses de intensa campanha.
O mais difícil será dar credibilidade ao órgão que substitui o Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), tarefa que depende da autoridade de seu diretor-geral.
Diplomata italiano de carreira, Ruggiero, 64, tem pela frente desafio digno de um Rocky, o lutador, apelido que ganhou por seu porte de pugilista.
O "Financial Times" nota em editorial que Ruggiero terá que superar duas grandes dificuldades para impor a OMC como órgão regulador do comércio mundial.
A primeira é convencer os Estados Unidos de que ele não é um protecionista. O fato de os americanos só terem aprovado sua candidatura depois de muita relutância é indicador do esforço que terá que fazer para provar o contrário.
Outra dificuldade é que Ruggiero é visto como defensor dos interesses da União Européia, em parte devido ao apoio que recebeu de Leon Brittan, responsável pela comissão de comércio da UE.
Tendo na bagagem o Ministério do Comércio da Itália, Ruggiero teve cacife para demonstrar a seus críticos que não são procedentes as acusações de protecionismo.
Ruggiero ajudou a liberalização do mercado de capitais da Itália e foi o responsável pela remoção das barreiras à importação de carros japoneses. Por essa decisão, ele até chegou a ser condecorado pelo governo do Japão.
À frente da OMC, a primeira tarefa de Ruggiero será implementar a Rodada Uruguai, um acordo que garante maior grau de liberalização do comércio mundial.
A decisão pelo nome de Ruggiero foi tomada ontem em rápida reunião de representantes de países membros da OMC na sede da entidade, em Genebra, na Suíça. Ele será designado hoje em reunião dos chefes das delegações.
A vice-diretoria ficará com Kim Chul Su, ex-ministro do Comércio da Coréia do Sul.

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