São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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OS MELHORES FILMES

A seguir Cabrera Infante escolhe os melhores filems do cinema falado

CIDADÃO KANE ("Citizen Kane", Orson Welles, 1941) - Este filme, sem dúvida o mais fascinante do cinema falado, tem a melhor fotografia em preto-e-branco de todos, a música fascinante de Bernard Hermann, mais tarde famoso por ser o músico preferido de Alfred Hitchcock, está escrito com mão de mestre por Orson Welles, seu diretor, e Herman Mankiewicz, interpretado com um estilo entre teatral e radial que é extremamente inovador, e contém um catálogo de grandes atores coadjuvantes: Everett Sloane, Agnes Moorehead, George Coulouris, Erskine Sanford, Paul Stewart, Fortunio Bonanova, Ray Collins —e um extra que logo seria uma estrela: Alan Ladd!)

RELÍQUIA MACABRA ("The Maltese Falcon", John Huston, 1941) - A primeira mostra do filme noir, e um filme ainda fascinante mais de meio século depois de sua estréia

A MORTE NUM BEIJO ("Kiss Me Deadly", Robert Aldrich, 1955) - O auge do filme noir e do filme de detetive, que influenciou todo o moderno cinema francês

UM CORPO QUE CAI ("Vertigo", Alfred Hitchcock, 1958) - Uma obra-prima entre as obras-primas de Hitchcock: uma fita de mistério e ao mesmo tempo um grande momento romântico do cinema

RASTROS DE ÓDIO ("The Searchers", John Ford, 1956) - A obra-prima de um mestre. Não deixem, por favor, que os politicamente corretos lhes digam que é racista: essa não é uma categoria para se julgar a arte —ou teríamos que revisar todo Shakespeare

DIÁRIO DE UM PÁROCO DE ALDEIA ("Journal d'un Curé de Champagne", Robert Bresson, 1950) - Vê-lo é vestir um cilício em vez de uma tee-shirt

CREPÚSCULO DOS DEUSES ("Sunset Boulevard", Billy Wilder, 1950) - Comédia ou tragédia moderna? Em todo caso, uma obra-prima absoluta

A REGRA DO JOGO ("La Règle du Jeu", Jean Renoir, 1939) - Talvez o melhor filme francês de todos os tempos, se não existisse "O Boulevard do Crime" ("Les Enfants du Paradis", Marcel Carné, 45), inesquecível, cativante

UM RETRATO DE MULHER ("The Woman in the Window", Fritz Lang, 1944) - O melodrama que se revela, no final, uma comédia, com Lang em plena forma e ajudado por Edward G. Robinson

AMARCORD (Federico Fellini, 1974) - Mas Fellini poderia estar nesta lista por "La Strada", "Oito e meio" ou "A Doce Vida" ou "Os Boas-Vidas" ou "E la nave va" ou... Fellini rima com filme

PATHER PANCHALI (Satyayit Ray, 1955) - A inesquecível saga da dor hindu, que é uma trilogia dolorosa

OS INCOMPREENDIDOS ("Les Quatre Cents Coups", François Truffaut, 1959) - A pedra fundamental do moderno cinema francês, quase uma obra-prima

Estes são os "doze mais" do cinema que chamamos moderno. Entre os filmes que não esqueço e não estão aqui posso mencionar "No Silêncio da Noite" ("In a Lonely Place", Nicholas Ray, 1950), "Ser ou Não Ser" ("To Be or Not to Be", Ernst Lubitch, 1931), "Pacto de Sangue" ("Double Indemnity", Billy Wilder, 1945), "A Marca da Maldade" ("Touch of Evil", Orson Welles, 1958) as obras-primas japonesas como "Contos da Lua Vaga" ("Ugetsu Monogatari", Kenji Mizoguchi, 1953) e "Os Sete Samurais" ("Schichinin no Samurai", Akira Kurosawa, 1954), e no tempo presente sobre um passado atroz, "A Lista de Schindler" ("Schindler's List", 1994). Mas a lembrança também está feita de esquecimento.

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