São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Secretária quer 'redefinição' de carreira

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária de Estado da Educação de São Paulo, Rose Neubauer, 50, defende que a discussão sobre os aumentos salariais para professores seja inserida em um processo onde todo a carreira do magistério seja redefinida.
Neubauer concorda que os salários estão baixos mas afirma que o governo está oferecendo o possível, no momento. A seguir, trechos de entrevista exclusiva.

Folha — Como a secretaria está vendo a greve?
Rose Neubauer — Essa discussão de carreira e salários não faz muito sentido descolada de outras medidas que estão ocorrendo. No primeiro dia da administração, o governador fez um decreto instituindo uma comissão para discutir salários e reformulação da carreira.
Folha — De professores?
Neubauer — Do magistério e dos outros funcionários da secretaria. Isso porque a carreira tem que ser reorganizada, repensada. Hoje, os professores brincam que têm uma série de penduricalhos no salário.
Realmente tem uma série muito grande de gratificações, que uns recebem e outros não. A carreira foi sendo descaracterizada ao longo dos anos. A comissão vai ter um prazo de 90 dias para fazer esses trabalhos.
Folha — A contar de...
Neubauer — A contar do começo de março. O decreto foi feito no dia 1º, mas essas comissões tiveram de ser instaladas.
Folha — Então, será para meados do ano?
Neubauer — Sim, por volta de final de junho ela deve estar apresentando alguma proposta. Então, neste momento, não estamos ainda fazendo a grande discussão da carreira, da reorganização de salários.
Nós estamos reconhecendo que o salário do professor foi um dos que mais sofreu redução na administração passada. Qualquer coisa possível, deve ser feita.
Sabemos que a proposta não é nem o que os professores querem nem o que a administração quer alcançar no percurso dos próximos quatro anos.
Esse não é o ideal, mas é o possível dentro do quadro do Estado que nós recebemos.
Folha — Por que, de início, se disse que não daria para dar nada por enquanto e, após a ameaça da greve, chegou-se a propostas bem superiores?
Neubauer — Porque você vai cortando outras coisas que também são prioritárias. A gente brinca que começa cortando na carne e, de repente, já está cortando no osso. Mas chega um momento que eu não posso mais cortar, como ter que não dar mais merendas para as escolas ou remédio para hospital.
Com a proposta de agora, nós já demos um salto no escuro. Vamos dar este aumento em cima de coisas que nós imaginamos que vão acontecer. É isto que o governador tem evitado fazer.

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