São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995 |
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Carro de luxo começa a encalhar na revenda
ARTHUR PEREIRA FILHO
Para reduzir estoques, as revendas são obrigadas a dar descontos que chegam, em alguns casos, a 20%, e até a oferecer viagens ao exterior aos clientes. Desde o início do ano, as fábricas reduziram os preços dos seus automóveis mais caros em até 15%. Além disso, em fevereiro, o governo aumentou o imposto sobre os carros importados. Essas medidas não foram suficientes para aumentar a procura por modelos como o Versailles e Verona (Ford), Santana e Quantum (Volks), Vectra e Omega (GM) e Tempra (Fiat). A situação se agravou depois que o governo proibiu a venda pelo sistema de leasing (aluguel com opção de compra), que representava mais de 35% das vendas. Humberto Pereira Carneiro, presidente da Abracaf (associação das lojas Fiat), define o mercado como "quase parado". Segundo ele, mesmo com descontos que chegam a 12% está difícil achar comprador para o modelo Tempra. A rede Volkswagen deve definir até quinta-feira a realização de uma grande campanha para tentar desencalhar alguns modelos, entre eles o Logus e o Pointer. Embora não sejam os carros mais caros da marca (entre R$ 18 mil e R$ 25 mil, pela tabela), são os mais difíceis de achar comprador. A Caraigá, de São Paulo, já está oferecendo viagens de uma semana para Nova York ou Miami para quem levar um desses modelos. "Isso equivale a desconto de 14%", calcula Luiz Bochio, diretor da concessionária. Em outra concessionária, a Davox, houve uma grande queda na procura por Santana, Logus e Pointer nos últimos dez dias, segundo o diretor da empresa, Nicolau Kohn. "O ritmo das vendas desses modelos é fraco e os descontos chegam a 12%", afirma. Os revendedores GM também estão pessimistas em relação ao mês que vem. "As vendas devem cair. A falta de financiamento já começa a comprometer os negócios", diz Mauri Missaglia, presidente da Abrac (associação dos concessionários Chevrolet). Segundo Missaglia, há grande oferta de Omega, Vectra e picapes nas revendas. Os descontos são menores que os oferecidos pelas outras marcas —5% em média. Desanimado, Missaglia diz que não pensa em fazer promoção para aumentar as vendas. "Tudo depende agora do governo". Os descontos são maiores (em torno de 20%) nos modelos Verona e Versailles, da Ford, que já eram vendidos abaixo da tabela com o mercado aquecido. Texto Anterior: Nem as liquidações atraem consumidor Próximo Texto: Governo quer evitar novo depoimento de Pérsio Arida Índice |
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