São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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FHC se diz "surpreso" com reação do Congresso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso, 63, chamou ontem de "reacionários" os críticos das reformas constitucionais. O desabafo foi feito durante encontro, no Planalto, com prefeitos da Associação Brasileira de Municípios.
Minutos antes, para os dirigentes da central Força Sindical, ele se confessou "surpreso" com a reação do Congresso às propostas de reforma na Previdência Social.
"Recusar-se ao diálogo, dizer não às reformas é ficar condenado a ser reacionário. Reagem contra tudo. Isso é que era a verdadeira direita reacionária do passado. Agora, uns querem ser a vanguarda e viram reacionários."
FHC disse que, diante dessa reação, vai ter de negociar alterações nas emendas e que, por isso, "a reforma vai demorar mais tempo do que imaginava".
"Essa é uma questão política que tem que ser negociada, portanto não há um recuo na decisão do governo. Apenas é uma questão de 'timing' (tempo certo) político", disse FHC, segundo um grupo de sindicalistas liderados por Luís Antônio de Medeiros, presidente da Força.
A reação de FHC às dificuldades na tramitação da reforma aconteceu dois dias depois de encontro entre o presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ex-governador Leonel Brizola (PDT), para articular mobilizações contra as emendas.
"Nós somos a expressão da responsabilidade popular. A única expressão democrática. O resto é gritaria", disse FHC.
Ele evitou críticas diretas ao Congresso. "O governo entende o papel do Congresso. Esse papel não é dizer sim. É dizer o que acha que deve ser feito."
A surpresa de FHC, de acordo com sindicalistas da Força, foi por causa da má recepção das propostas pelo Congresso. Segundo ele, a reação deveria ter sido menor, uma vez que as emendas haviam sido negociadas com os líderes de partidos que apóiam o governo.

Medeiros
O presidente propôs que a Força Sindical integre uma comissão técnica para negociar um acordo sobre os pontos divergentes entre trabalhadores e governo na área previdenciária. Essa discussão, segundo FHC, tem de acontecer "rapidamente".

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